Cidadania também é para fazer juntos!

CIDADANIA TAMBÉM É PARA FAZER JUNTOS!

Associação é para fazer juntos. O título desta publicação, lançada pelo IEB - Instituto Internacional de Educação do Brasil, no início de dezembro de 2011, já exprime o que será tratado em seus capítulos: que a criação de uma associação deve ser resultado de um processo coletivo e sua atuação deve ser marcada também pela participação efetiva de seus associados.


É o resultado de 10 anos de trabalho com organizações comunitárias e regionais indígenas, quilombolas, de ribeirinhos, agricultores familiares e outros, aprofundando e atualizando o que já foi publicado anteriormente em Gestão de associações no dia-a-dia.

Este blog nasceu como um espaço para troca de conhecimentos e experiências de quem trabalha para o desenvolvimento de organizações comunitárias e outras.

A partir de 2018 passou a ser também um espaço para troca de ideias e experiências de fortalecimento da cidadania exercida no dia-a-dia, partilhando conhecimento e reflexões, produzindo e disseminando informações, participando de debates, dando sugestões, fazendo denúncias, estimulando a participação de mais pessoas na gestão das cidades onde vivem.

Quem se dispuser a publicar aqui suas reflexões e experiências pode enviar para jose.strabeli@gmail.com. Todas as postagens dos materiais enviados serão identificadas com o crédito de seus autores.

É estimulada a reprodução, publicação e uso dos materiais aqui publicados, desde que não seja para fins comerciais, bastando a citação da fonte.

José Strabeli




segunda-feira, 28 de outubro de 2019

A ESCOLHA DOS ORGANIZADORES, DO CARDÁPIO E AS REFEIÇÕES – Uma alegoria sobre eleições e governos


Os moradores faziam todas as refeições juntos. Para isso, a cada 4 anos, escolhiam as pessoas que iriam coletar o dinheiro que cada um dava de acordo com o que ganhava, cuidar do salão, móveis e utensílios, comprar os ingredientes, contratar cozinheiros e garçons e organizar o café da manhã, almoço e jantar para todos, pelos 4 anos seguintes.

Nunca ninguém entendeu muito bem porque tinha vários grupos que se organizavam para serem os escolhidos para fazer este trabalho. Está certo que o salário era bom, mas eles gastavam uma fortuna para serem escolhidos. Contratavam especialistas para preparar os cardápios, imprimiam com fotos bem atraentes e distribuíam para a população. Cada um queria convencer mais gente de que o seu cardápio era o melhor e que ele era o melhor organizador de refeições.

Alguns diziam que já faziam isso há bastante tempo e tinham muita experiência, por isso deviam ser escolhidos. Outros diziam que eram melhores porque eram novos no ramo e seriam inovadores ao oferecer comida de melhor qualidade, mais variada, saborosa e a um custo mais baixo do que os outros. Assim, com o dinheiro arrecadado ainda iriam reformar e ampliar o salão onde as refeições eram servidas, comprar móveis e utensílios novos e contratar mais pessoas para que todos fossem servidos mais rapidamente e ficassem mais satisfeitos. Um verdadeiro milagre!!

A verdade é que as mesmas pessoas se revezavam entre os grupos como em uma “dança das cadeiras”. Tinha gente que cada vez estava em um grupo diferente. Também apareciam pessoas novas, mas não eram tão novas como diziam e pareciam. Às vezes criavam um grupo novo e, quando se ia ver, eram pessoas que antes estavam em outros grupos... Os cardápios eram basicamente iguais. Mudava um molho, um ingrediente, mas a diferença era mais na aparência do que na substância.

Entrava ano e saía ano e ficava praticamente tudo igual. Muitas pessoas iam desanimando e pensavam que não adiantava ficar escolhendo muito quem ia organizar, porque no final tudo continuaria do mesmo jeito.

Nas refeições, enquanto alguns se empanturravam de comida; outros tentavam comer e não conseguiam, outros nem tentavam, porque sabiam que não iam conseguir comer; vários saiam com a comida “entalada na goela”. A maior parte das pessoas ficava do lado de fora e quando reclamavam:

- Calma, pessoal! Todo mundo vai comer. Quando quem está lá dentro terminar, eu trago aqui para vocês. Assim vão poder comer com calma e tudo o que quiserem, sem pressa. Tenham paciência. É que vocês pagaram só um pouquinho.

- Pagamos pouco porque ganhamos pouco. Por causa disso vamos comer os restos dos outros?

- Tudo aqui é da melhor qualidade, vocês podem ter certeza! Eu mesmo prefiro comer aqui com vocês do que lá dentro.

- E vamos ficar aqui em pé?

- Ao ar livre! Olha, que beleza!!

Os organizadores diziam para os insatisfeitos que eles eram todos uns ingratos, que todo mundo teve várias opções para escolher, inclusive opções novas que são introduzidas toda vez, que foi respeitada a escolha de todos e que dava um trabalhão para preparar e servir aquelas refeições e, ao invés de reconhecer a dedicação deles, ficavam reclamando.

- Vocês são é uma cambada de baderneiros, que nunca estão contentes com nada!

Acontece que, mesmo os pratos que pareciam ser diferentes, não eram diferentes de verdade. E o pior é que sempre usavam o mesmo tempero e cozinhavam da mesma forma, então, por mais que se mudasse os ingredientes, a comida tinha sempre o mesmo gosto e fazia o mesmo efeito indigesto.

Notavam também que a comida servida não era bem o que tinham mostrado nas fotos durante a consulta para a escolha dos organizadores. Com frequência os ingredientes não eram de qualidade. Muitas vezes eram até estragados. A comida era mal cozida e mal servida. As pessoas foram notando que alguns pratos eram servidos só para os organizadores e seus amigos e outros para o restante da mesa. Falava-se até que os organizadores “ganhavam por fora” na hora de reformar o salão, de comprar os ingredientes, mesas, cadeiras, pratos, copos e talheres e até ao contratar cozinheiros e garçons.

A insatisfação foi crescendo, até entre convidados de fora, e cada vez mais pessoas foram deixando de “fazer de conta” e se recusavam a “escolher sempre mais do mesmo”; cada vez mais pessoas reclamavam na hora das refeições; cada vez mais os que ficavam de fora aumentavam em número, organização e reclamações.

Os organizadores foram ficando cada vez mais preocupados e pensando que precisavam mudar o jeito de fazer as coisas...

domingo, 14 de abril de 2019

Políticas Públicas, Fraternidade e Cidadania – parte 8 – ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL E CONSELHOS MUNICIPAIS


Neste Domingo de Ramos se encerra a Campanha da Fraternidade 2019 e com ela esta série de reflexões sobre Políticas Públicas, Fraternidade e Cidadania, que começou a ser publicada na Quarta-Feira de Cinzas, quando a campanha começou. Quem quiser acessar os 8 artigos e outros sobre associações e cidadania, veja em https://associacaoeparafazerjuntos.blogspot.com/

O objetivo da Campanha da Fraternidade é que as reflexões feitas durante o período conhecido como Quaresma, levem a mudanças com relação ao tema tratado. E o que podemos fazer daqui para frente para melhorar as políticas públicas, fortalecer a cidadania e a fraternidade em Itupeva?

As associações de bairro são fundamentais para fortalecer os laços comunitários, discutir as necessidades e promover ações para a melhoria dos serviços necessários como saúde, educação, segurança, água, energia, esgoto, iluminação pública, vias públicas em boas condições de uso, transporte público de qualidade, áreas de lazer, entre outros.

É muito comum que associações de bairro sejam “apadrinhadas” por vereadores, deputados e mesmo pelo prefeito. Isso é muito ruim, porque essas organizações precisam surgir e se desenvolver de forma independente e autônoma, para que tenham força de reivindicação de seus direitos e não se transformem em “currais eleitorais” de políticos que “ajudam” a população e depois cobram votos em troca. Não queremos vereadores que “ajudem”. Precisamos de vereadores que legislem e fiscalizem para que todos tenham as políticas públicas que são seu direito. Não queremos prefeito que “ajude”. Precisamos de prefeito que administre corretamente os recursos e que viabilize os serviços necessários para toda a população.

Muitas cidades do Brasil já têm um Observatório Social, uma associação que reúne pessoas que analisam e fiscalizam o uso dos recursos públicos pela prefeitura e câmara municipal, para que ele seja aproveitado da melhor maneira possível para melhorar as condições de vida na cidade. Itupeva precisa disso.

Há na cidade várias associações que se dedicam à cultura, esportes, assistência às crianças e adolescentes e isso é muito bom. Mas precisamos também de grupos, associações ou outras formas de organização da sociedade civil que tratem do fortalecimento da cidadania, de moradia, geração de emprego e renda, saúde, educação, segurança, meio ambiente direitos humanos, das mulheres, dos idosos, das pessoas com deficiência, etc.

Quantas vezes enfrentamos problemas de saúde na cidade e não tinha uma organização para aprofundar as discussões, fiscalizar os serviços oferecidos e mobilizar as pessoas para reivindicar os seus direitos? Quantas vezes isso acontece também com relação à educação, infraestrutura das vias públicas, água, esgoto, energia, segurança, etc.? Quantas vezes dissemos que “é preciso fazer alguma coisa!” E quem vai puxar essa mobilização? Organizações que possam fazer claramente as propostas e chamar as pessoas.

Outra forma de participação nos assuntos importantes da cidade são os Conselhos Municipais. Itupeva tem 6 conselhos, com a metade dos seus membros representando a prefeitura e metade da sociedade civil. Alguns são consultivos e outros deliberativos, ou seja, decidem o que pode ser feito e o que não pode. São os Conselhos dos Direitos do Idoso, de Assistência Social, de Segurança, dos Direitos da Pessoa com Deficiência, de Saúde e de Agricultura. Eles são muito importantes para a população participar, através de seus representantes.

Agora, com poucas associações de bairro atuantes e de outras organizações da sociedade, quem indica esses conselheiros? Quem ajuda os conselheiros a aprofundar os seus conhecimentos e a contribuir de forma qualificada com as discussões? Com quem eles dialogam, para que sejam efetivamente representantes?

A criação e o bom funcionamento de organizações da sociedade civil propicia a indicação de bons conselheiros, a sua atualização constante com formação e informação e o diálogo deles com as pessoas que representam, fortalecendo a sua atuação.

Fraternidade e cidadania é participar da gestão da cidade e se preocupar não somente com os nossos problemas individuais, mas também com os direitos de todos, para que Itupeva seja um lugar bom para todos nós vivermos.

domingo, 7 de abril de 2019

Políticas Públicas, Fraternidade e Cidadania – parte 7 – DIREITO OU TROCA DE FAVORES?

Políticas públicas são programas, projetos, ações e decisões tomadas pelos governos (nacional, estaduais ou municipais), com a participação direta ou indireta de entes públicos ou privados, que visam assegurar os direitos dos vários grupos da sociedade.

Ou seja, políticas públicas são universais, direito de todos os cidadãos.
Vamos pensar em um condomínio. O conjunto dos moradores de um prédio paga uma taxa mensalmente para que o síndico, eleito por eles, administre esse dinheiro para cuidar da manutenção do prédio, pague despesas comuns, como água, energia, telefone e mantenha os serviços necessários de segurança, elevadores, limpeza, etc., de forma que aquele prédio seja um lugar bom para as pessoas viverem nele. Regularmente o síndico convoca a assembleia dos condôminos para prestar contas da sua administração e colocar em discussão medidas não previstas no Regimento Interno para atender a demandas que surgiram.
Em uma dimensão bem maior, Itupeva é como se fosse um condomínio. Os seus quase 60 mil habitantes pagam impostos e a cada 4 anos elegem um prefeito para administrar o dinheiro arrecadado, que em 2019 deve passar de R$ 300 milhões, para cuidar da manutenção da cidade e pagar os serviços necessários de saúde, educação, segurança, meio ambiente, moradia, geração de emprego e renda, direitos humanos em geral e, em particular, dos idosos, crianças e adolescentes, mulheres e portadores de deficiência, de forma que a cidade seja um lugar bom para vivermos nela.
Como não é viável reunir 60 mil pessoas toda vez que tiver que discutir alguma coisa nova e tomar decisões elegemos, também a cada 4 anos, 13 vereadores para nos representar e tomar as decisões necessárias por nós. Se eles são nossos representantes, devem nos ouvir antes de tomar essas decisões e, como não é possível perguntar para cada pessoa individualmente, precisamos nos organizar em associações de bairro, de classe e outras para manifestar a nossa vontade para os vereadores, nossos representantes, levarem para as sessões da Câmara Municipal.
Então, quando o prefeito cuida mais dos bairros ou grupos que o apoiam politicamente, está administrando bem e oferecendo para todos as políticas públicas? Não. Ele está usando o nosso dinheiro para favorecer alguns e garantir a sua permanência no poder, deixando boa parte ou a maioria dos cidadãos sem a qualidade de vida que tem direito.
O prefeito deve apresentar anualmente para a Câmara os seus planos de execução das políticas públicas, para que os vereadores analisem e façam as correções necessárias antes de aprovar. Depois, o prefeito deve prestar contas para os vereadores e para a população de como ele está executando os planos feitos e aprovados pelos nossos representantes. Isso é chamado de transparência, porque o prefeito não é dono da cidade ou do dinheiro dela. Ele é apenas o administrador. Os donos somos nós e, por isso, ele deve ser transparente com o uso do nosso dinheiro e do poder que demos para ele.
E quando um vereador se oferece para atender a um bairro especificamente ou a uma pessoa para terem acesso a uma política pública, ele está cumprindo bem a sua função de legislador e fiscalizador das políticas públicas? Não. Os vereadores devem fiscalizar a execução dos planos do prefeito, convocar o prefeito e seus secretários para darem explicação se não estão executando direito o que foi planejado ou não estão gastando corretamente o dinheiro público e tomarem medidas legais, inclusive judiciais, se for necessário. Eles devem garantir que as políticas públicas sejam acessíveis para todos e não só para os seus conhecidos, que vão apoiá-los politicamente e buscar votos para eles nas próximas eleições, para que eles permaneçam em seus cargos.
O objetivo dos políticos não pode ser a manutenção dos seus cargos, mas cumprir bem as funções que delegamos a eles. Se fizerem bem o que devem fazer, certamente serão eleitos, sem precisarem de artifícios políticos. Se precisam de artifícios é porque está faltando qualidade no seu trabalho de administrador ou legislador e fiscalizador.
Quando o prefeito e os vereadores, assim como deputados, senadores, governadores e presidente, oferecem uma política pública como troca de favor para alguns, está negando a mesma política pública como direito para os demais cidadãos.

sábado, 30 de março de 2019

Políticas Públicas, Fraternidade e Cidadania – parte 6 – DIREITOS HUMANOS, DAS CRIANÇAS, MULHERES, IDOSOS E PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS


Só o desconhecimento ou a má fé pode levar pessoas a pensar ou dizer que Direitos Humanos é para defender criminosos.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi proclamada e adotada pela Organização das Nações Unidas em 1948 e assinada pelos 58 países que faziam parte dela na época, “considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade”, em especial durante a Segunda Guerra Mundial, que aconteceu entre 1939 e 1945.

Em seus 30 artigos, declara que todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal; que todos nascem livres e iguais em dignidade e direitos, tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos na Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

Estabelece ainda que ninguém será mantido em escravidão ou servidão, submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante, arbitrariamente preso, detido ou exilado, mas tem direito a um julgamento justo, que considere os direitos reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Ninguém será sujeito à interferência em sua vida privada, em sua família, em seu lar ou em sua correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação.

Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, opinião e expressão, de reunião e associação pacífica, inclusive sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses; de fazer parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.

Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país, ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego, com remuneração por igual trabalho, justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.

A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais.

Todo ser humano tem direito à instrução, que será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais.

Por fim, todo ser humano tem deveres para com a comunidade. “Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos”, ou seja, de forma nenhuma a Declaração Universal dos Direitos Humanos poderá ser utilizada para acobertar crimes ou criminosos.

Quem quiser conhecer a íntegra da Declaração, veja em https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf

A Constituição Brasileira é baseada nessa Declaração e, a partir dela, outras leis importantes, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto dos Idosos, a Lei Maria da Penha, dos direitos das pessoas com deficiência, entre outras tantas.

A partir dessas leis, cabe aos governos federal, estaduais e municipais criar e implementar políticas públicas que garantam na prática esses direitos fundamentais de todos nós, humanos.

E a cada um de nós, cidadãos, cabe nos organizar, nos mobilizar e exigir que os governos cumpram esses compromissos, assumidos desde 1948.

sábado, 23 de março de 2019

Políticas Públicas, Fraternidade e Cidadania – parte 5 – EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTES E LAZER


objetivo da Educação Básica, composta pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, é assegurar a todos os brasileiros a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes os meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores [LDBEN Art. 21 e 22].

Para isso, é preciso ter garantidas as condições mínimas necessárias para um bom ensino: professores bem preparados e remunerados, prédios em boas condições de funcionamento, bons equipamentos nas salas de aula, bibliotecas e laboratórios, materiais escolares de uso individual e coletivo dos alunos.

A Educação Infantil e o Ensino Fundamental até o 5º ano estão a cargo das prefeituras e daí por diante do governo do estado.

O Ensino Tecnológico e o Superior são oferecidos pelos governos dos estados e pelo governo federal e visam preparar os cidadãos para o exercício profissional nas empresas e no meio acadêmico.

Profissionais da educação, pais, alunos e a sociedade em geral devem estar empenhados para que sejam elaborados bons planos de educação e que a sua execução seja a melhor possível.

Não menos importante é o acesso à cultura, “que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. Temos um legado cultural desde o início da história da humanidade até as manifestações mais recentes, manifestada pela literatura, pintura, música, cinema, teatro, culinária, arquitetura, etc., que todos nós precisamos ter conhecimento A cultura é também a identidade de um povo. Em Itupeva temos uma cultura significativa, expressa na arquitetura dos poucos monumentos históricos que foram preservados, músicas, culinária, festas religiosas e populares, que precisam ser mantidas e estimuladas. Há também expressões culturais recentes, que se renovam no dia a dia.

Não temos em Itupeva um cinema, teatro ou centro cultural onde as pessoas possam expressar a sua arte e os demais podem ter contato com ela. Isso é uma deficiência enorme que o poder público precisa sanar o mais breve possível.

Esportes e lazer são fundamentais para o desenvolvimento físico e mental desde a infância. Temos alguns espaços importantes na cidade, como o Parque da Cidade, campo e quadras de esportes, praças com brinquedos. Esses espaços precisam ser bem cuidados pela prefeitura e pelos usuários, porque eles são preciosos para nós. Outros espaços devem ser abertos e atividades recreativas devem ser promovidas pela prefeitura, associações ou grupos.

“A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte

quarta-feira, 20 de março de 2019

Políticas Públicas, Fraternidade e Cidadania – parte 4 – MEIO AMBIENTE, SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE


Muita gente pensa que preservar o meio ambiente é se preocupar só com a sobrevivência de plantas e animais. Isso não é verdade. É se preocupar também com a nossa sobrevivência, porque esse é o nosso ambiente também, onde encontramos o ar que respiramos, a água que bebemos e a terra onde produzimos alimentos, que também precisam de água, ar e sol na medida certa.

As matas, além de preservarem muitas riquezas naturais conhecidas e mais ainda a conhecer, renovam o oxigênio que respiramos, preservam as nascentes e margens de rios e córregos, regulam o ciclo das chuvas e a Organização Mundial da Saúde estabelece que uma cidade tenha ao menos 12m2 de área verde por habitante.

Por isso, os governos, inclusive o municipal, precisam tomar medidas, ou seja, formular e implementar políticas públicas que regulem a distribuição do espaço entre as fazendas, sítios, indústrias, comércio, serviços, residências e a manutenção de áreas verdes nas propriedades, ruas, praças e parques.

Precisa também ter um planejamento e implementação de saneamento básico – água tratada, coleta e tratamento de esgoto – para que toda a população tenha acesso à água de qualidade e que o esgoto não polua rios, córregos e lagos; que todo o lixo seja recolhido e mantido em lugares e em condições adequadas e que veículos e indústrias não poluam demasiadamente o ar. 7 milhões de pessoas morrem no mundo todo ano por causa da poluição do ar. Mais de 50 mil no Brasil.

Preservação ambiental é saúde! Saneamento básico é saúde!

Cada vez mais a medicina se preocupa com a manutenção da saúde mais do que com a cura das doenças, porque não basta não ficar doente ou ser curado. Nós precisamos ficar saudáveis. Orientações com relação à alimentação e prática de atividades físicas são muito importantes. Consultas e exames preventivos contribuem muito para que mudemos hábitos e alterações no nosso organizamos não cheguem a se tornar doenças.

O tratamento precoce de doenças, quando surgem, é necessário para que elas não se agravem. Para isso, a população precisa ter acesso à consultas, exames preventivos e medicamentos regularmente.

E em Itupeva, como está a preservação ambiental, o saneamento básico, a medicina preventiva e o atendimento aos doentes?

domingo, 17 de março de 2019

Políticas Públicas, Fraternidade e Cidadania – parte 3 - NEM SEMPRE O CRESCIMENTO DA CIDADE É BOM PARA QUEM VIVE NELA


O crescimento de uma cidade é medido pelo aumento da sua população e da sua economia, tanto industrial, como comercial e dos serviços, sejam eles de grande porte, médios ou pequenos. Dessa forma aumenta-se a arrecadação e, em muitos casos, a geração de emprego.

No entanto, mais pessoas, indústrias, lojas e prestadores de serviços causam impactos na cidade e na qualidade de vida de seus habitantes, por isso, a cidade precisa estar preparada para crescer de forma a manter ou mesmo melhorar o bem-estar de quem vive nela.

Um impacto importante é no meio ambiente, provocado pelo crescimento da chamada mancha urbana, a área ocupada por residências e unidades econômicas, sobre as áreas de matas e margens de rios. É preciso que sejam preservadas as matas de uma parte da cidade em praças, parques e unidades de conservação, além de sítios e fazendas para a preservação de espécies vegetais e animais e do equilíbrio do ciclo da água, inclusive para a saúde da população. A ocupação de margens de rios, córregos e lagos, além de provocar assoreamento e até a morte destes, gera enchentes.

É preciso que as indústrias tenham controle sobre os poluentes que lançam no ar e que o esgoto destas e também de prestadores de serviços, comércio e residências sejam adequadamente coletados e tratados, para não poluírem rios, córregos e lagos, além de fornecer água tratada para todos, para não trazer prejuízos à saúde e não aumentar a demanda e gastos com os serviços de saúde.

O aumento da economia e da população leva a uma circulação maior de veículos, sendo necessária a expansão da rede viária: ruas, avenidas e estradas, que precisarão de manutenção mais frequente dado o uso mais intenso, principalmente por veículos pesados.

Mais moradores vão precisar de mais transporte público, escolas, unidades de saúde, cultura, lazer, etc.

Por isso, crescer é muito pouco. É preciso pensar, planejar e executar o desenvolvimento, que implica não só no crescimento econômico e populacional, mas também na qualidade de vida. E mais, é preciso pensar em um desenvolvimento que seja sustentável, ou seja um desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações, um desenvolvimento que não esgote os recursos para o futuro.

Em Itupeva, cada vez que uma nova empresa se instala, a prefeitura noticia que é “de acordo com o plano estratégico do atual prefeito”. Alguém conhece esse plano estratégico? Ele foi discutido com a cidade para adequar as ideias de desenvolvimento do prefeito e seus secretários com a da população? Ele garante que o crescimento econômico e da arrecadação ofereça qualidade de vida para nós e para os nossos filhos, netos, bisnetos...

Desenvolvimento, sim. De qualquer jeito, não!!

Políticas Públicas, Fraternidade e Cidadania – parte 2 - MORADIA E GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA


De quem são os 200,516 km² de Itupeva? São nossos, os estimados 59.649 habitantes. Alguns povos tradicionais consideram que a terra não tem dono, porque é um bem inestimável que estamos temporariamente utilizando e que deverá ser legado para as futuras gerações. A terra é essencial para termos moradia, produzir alimentos e outros produtos que necessitamos.

Em nossa sociedade, a terra se tornou mercadoria e é comprada e vendida, tornando-se acessível apenas para aqueles que têm dinheiro. Dessa forma, nem todos têm onde morar ou produzir. Alguns, com mais recursos, têm suas casas confortáveis ou mesmo luxuosas, em terrenos maiores, bem localizados e com infraestrutura. Outros, com poucos recursos, possuem casas mais simples, em terrenos menores, afastados das regiões centrais e pouco ou nada servidos de infraestrutura e serviços. Outros ainda, sem recursos, não têm onde morar.

Cabe à prefeitura e ao legislativo municipal estabelecer uma política pública que favoreça a todos terem acesso à moradia com as condições necessárias para viverem ao menos decentemente. Quantas pessoas atualmente não têm moradia própria em Itupeva? Qual é a política pública de acesso à moradia, principalmente as populares para a população de baixa renda? Qual é a assistência dada para as pessoas que vivem na rodoviária, praças e ruas da cidade?

Além da moradia, ter como ganhar o pão de cada dia é essencial para a vida de todos nós. Também neste ponto as situações são bastante diversificadas. Há aqueles que têm fazendas ou sítios onde produzem para o consumo da família e para a comercialização. Há grandes investidores, que possuem indústrias ou grandes estabelecimentos comerciais, o que aliás tem sido incentivado pelo atual prefeito, gerando também empregos. Há também pequenos e microempresários, tanto da indústria, como do comércio e serviços que, além de renda para si e sua família, geram também empregos. Há também trabalhadores informais e desempregados.

Cabe ao poder público organizar a convivência dos diferentes agentes econômicos, tanto grandes como pequenos, de forma a todos terem a sua oportunidade e desenvolver a cidade tanto econômica como socialmente. Deve incentivar tanto os grandes empreendimentos como os pequenos, micros e empreendimentos individuais. Deve também estimular a geração de empregos para que todos tenham como ganhar o necessário para viver adequadamente.

Quantas pessoas atualmente estão sem emprego em Itupeva? O que tem sido feito para resolver isso? Qual é a política pública de capacitação técnica e acesso a financiamentos para as pessoas que querem ter o seu próprio empreendimento?

Não basta que cada um procure resolver o seu problema. Uma vez que a cidade é de todos, que a terra só é acessível através de dinheiro e ele é distribuído cada vez mais de forma desigual em Itupeva, no Brasil e no mundo, todos nós somos responsáveis pela formulação e implementação de políticas públicas que deem acesso à moradia e renda para todos.

Políticas Públicas, Fraternidade e Cidadania – parte 1 - Campanha da Fraternidade 2019

POLÍTICAS PÚBLICAS, FRATERNIDADE E CIDADANIA – parte 1

Na última quarta-feira foi iniciada a Campanha da Fraternidade 2019 com o tema Fraternidade e Políticas Públicas, que proporá reflexões e atitudes concretas para todas as comunidades católicas do Brasil e demais pessoas interessadas sobre este importante tema para todos nós.

Políticas públicas são programas, projetos, ações e decisões tomadas pelos governos (nacional, estaduais ou municipais), com a participação direta ou indireta de entes públicos ou privados, que visam assegurar os direitos dos vários grupos da sociedade.

Fazem parte das políticas públicas as coisas necessárias para vivermos bem em nossa cidade, estado ou país, como a geração de emprego e renda, moradia, transporte, saúde, educação, segurança, saneamento básico com água tratada, coleta e tratamento de esgotos, preservação ambiental, esportes, cultura, lazer e etc.

Mas o que as políticas públicas têm a ver com fraternidade?

Elas são para todos e não só para aqueles que conhecem, por exemplo, um vereador que pode facilitar o atendimento em um hospital, uma vaga em uma escola ou creche ou melhorar a infraestrutura de uma rua ou bairro. Precisamos nos organizar e mobilizar para que todos tenham os seus direitos garantidos, que sejam atendidos nas suas necessidades e tenham qualidade de vida. Então não basta “defendermos a nossa parte”. Precisamos defender os direitos de todos.

É claro que é necessário escolhermos bons prefeitos, governadores, presidente, vereadores, deputados e senadores. Por isso, ao escolher os nossos candidatos, precisamos analisar quais deles propõe e se dedicarão da melhor forma para implementar as políticas públicas que precisamos.

Mas não podemos deixar só por conta deles.

Desde a promulgação da Constituição Brasileira em 1988, a definição, criação, implementação e avaliação das políticas públicas não são exclusividade dos governantes ou dos membros dos legislativos, mas contam com a participação da população através dos Conselhos e de organizações da sociedade civil.

Por isso é fundamental que o máximo possível de pessoas se organizem em grupos, associações de bairro, sindicatos e outras organizações dedicadas às nossas principais necessidades.

Muitas vezes entendemos que quem governa manda e isso não é verdade. Quem governa foi escolhido entre nós para administrar o que é nosso – o território da nossa cidade, estado ou país, com todos os seus recursos e potencialidades – em nosso nome e, por isso, devem ouvir as nossas reivindicações, prestar contas a nós do que fazem e como utilizam os recursos arrecadados com os impostos que pagamos.

É assim que exercemos a nossa cidadania, não só nas eleições, mas constantemente. Cidadania se exerce todo dia!

Nas próximas partes vamos detalhar cada um desses aspectos e observar como eles acontecem em Itupeva.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Crônicas de Itupeva 13 - Eu até me candidataria se...


Faz pouco mais de um ano que aposentei, parei de trabalhar em viagens pelo Brasil contribuindo para o desenvolvimento de organizações comunitárias de indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores e outras e pude me dedicar mais à Itupeva, cidade que adotei para ser minha há pouco mais de 10 anos.

Desde então, várias pessoas já me perguntaram se vou me candidatar nas próximas eleições municipais em 2020. Alguns até brincaram, dizendo que serei o próximo prefeito de Itupeva...

Eu até me candidataria ...

- se fosse indicado por associações de bairro da cidade, bem organizadas, mobilizadas e com um planejamento claro sobre o querem para o futuro dos seus bairros e para a cidade;

- se fosse indicado por organizações da cidade, também bem organizadas, com planejamento e estratégias claras sobre o que querem para o futuro da saúde, educação, direitos humanos, meio ambiente, pessoas com deficiência, transporte, infraestrutura, eficiência no uso dos recursos públicos e outras;

- se nessas associações de bairro e demais organizações da sociedade civil, me dissessem que pessoalmente seus integrantes vão apoiar a minha candidatura, desde que eu me comprometa com suas pautas para o futuro da cidade;

- se me dissessem também que durante o mandato, se eu for um dos poucos que apoiem as suas reivindicações, vão mobilizar as suas bases para pressionarem os demais vereadores a aprovarem as medidas que interessam para a cidade e fortalecer a minha atuação;

- se me dissessem que, se eu trair os compromissos assumidos, vão me denunciar e me desautorizar de todas as formas possíveis, igual ou mais do que fizeram para me apoiar.

Se é para ser representante, vamos ouvir e dialogar para ser de fato representante, não é?

É uma pena que essas organizações de bairro e outras da sociedade civil pouco existam em Itupeva atualmente.

Na verdade, eu não tenho nenhuma intenção, vontade ou gosto para me candidatar ou assumir cargos públicos, seja através de eleições ou por nomeação. Há algumas décadas tenho feito o que posso para o fortalecimento das organizações da sociedade civil e é o que me proponho a continuar fazendo, para que a população e os governantes ou legisladores entendam que são os cidadãos que têm mais poder nas mãos do que aqueles que são eleitos por eles.

Vamos nos preparar desde já para as próximas eleições municipais em 2020?