Cidadania também é para fazer juntos!

CIDADANIA TAMBÉM É PARA FAZER JUNTOS!

Associação é para fazer juntos. O título desta publicação, lançada pelo IEB - Instituto Internacional de Educação do Brasil, no início de dezembro de 2011, já exprime o que será tratado em seus capítulos: que a criação de uma associação deve ser resultado de um processo coletivo e sua atuação deve ser marcada também pela participação efetiva de seus associados.


É o resultado de 10 anos de trabalho com organizações comunitárias e regionais indígenas, quilombolas, de ribeirinhos, agricultores familiares e outros, aprofundando e atualizando o que já foi publicado anteriormente em Gestão de associações no dia-a-dia.

Este blog nasceu como um espaço para troca de conhecimentos e experiências de quem trabalha para o desenvolvimento de organizações comunitárias e outras.

A partir de 2018 passou a ser também um espaço para troca de ideias e experiências de fortalecimento da cidadania exercida no dia-a-dia, partilhando conhecimento e reflexões, produzindo e disseminando informações, participando de debates, dando sugestões, fazendo denúncias, estimulando a participação de mais pessoas na gestão das cidades onde vivem.

Quem se dispuser a publicar aqui suas reflexões e experiências pode enviar para jose.strabeli@gmail.com. Todas as postagens dos materiais enviados serão identificadas com o crédito de seus autores.

É estimulada a reprodução, publicação e uso dos materiais aqui publicados, desde que não seja para fins comerciais, bastando a citação da fonte.

José Strabeli




sexta-feira, 14 de julho de 2023

E, por falar em desenvolvimento urbano e bem viver...

Quando eu era professor de geografia, ao ensinar para as turmas de ensino médio o que é um espaço geográfico, aquele que é transformado pela ação humana, costumava ler para os alunos a descrição bíblica do Jardim do Edem em Gênesis, capítulo 1. Pedia que durante a leitura eles fechassem os olhos e imaginassem a paisagem descrita pelo texto.



Ao terminar, pedia que se levantassem, fossem até as janelas e vissem em que nós havíamos transformado, naquele bairro de São Paulo, a criação divina:



Depois de alguns minutos para compararem o que haviam imaginado, que ainda existe em muitos lugares do mundo e do Brasil em estado natural ou bastante preservado, com o bairro onde moravam e estudavam, refletíamos se havíamos melhorado a natureza, criando bem-estar e qualidade de vida com as transformações que havíamos feito no espaço. Invariavelmente a resposta era que não.

Então, eu perguntava a eles como se sentiam naquele lugar onde os lotes residenciais eram de 200 ou 250 m2, com as casas grudadas umas nas outras ou prédios em lotes um pouco maiores e como seria se os lotes fossem de 500 ou 1.000 m2, com as casas em meio a jardim, árvores e algumas plantações. É claro que os olhos brilhavam com a segunda opção.

E por que as nossas cidades não são planejadas para nos dar essa qualidade de vida? Porque o foco no crescimento, na industrialização e a especulação imobiliária tornam os terrenos cada vez mais caros e a concentração se torna necessária para gerar cada vez mais lucro para os especuladores. É o desenvolvimento pensado sem o bem viver da população.

Anos depois, fui morar em um lugar como imaginávamos naquelas aulas, em Itupeva, no interior de São Paulo:



Mas, quando não aprendemos com a história, corremos o risco de repetir os mesmos erros e é isso que o prefeito de Itupeva está fazendo. Festejou recentemente que a população da cidade cresceu 60% (na verdade, 57,42%) desde o censo de 2010 até o mais recente, de 2022 enquanto a população brasileira cresceu 6,5% no mesmo período; festeja cada nova empresa que é instalada na cidade e já transformou durante os seus quase 7 anos de mandato, com a cumplicidade da Câmara Municipal, vários milhões de metros quadrados de áreas rurais em urbanas para novos empreendimentos industriais e residenciais, que estão se espalhando por vários bairros, inclusive com lotes de 250 m2, como neste loteamento recente perto de onde eu moro:



Não entendo por que cidades pequenas do interior querem ser grandes como as metrópoles e passar a conviver com a falta de qualidade de vida que existe nelas.

Não é desenvolvimento de verdade o crescimento de uma cidade que não priorize o bem viver da sua população.