Cidadania também é para fazer juntos!

CIDADANIA TAMBÉM É PARA FAZER JUNTOS!

Associação é para fazer juntos. O título desta publicação, lançada pelo IEB - Instituto Internacional de Educação do Brasil, no início de dezembro de 2011, já exprime o que será tratado em seus capítulos: que a criação de uma associação deve ser resultado de um processo coletivo e sua atuação deve ser marcada também pela participação efetiva de seus associados.


É o resultado de 10 anos de trabalho com organizações comunitárias e regionais indígenas, quilombolas, de ribeirinhos, agricultores familiares e outros, aprofundando e atualizando o que já foi publicado anteriormente em Gestão de associações no dia-a-dia.

Este blog nasceu como um espaço para troca de conhecimentos e experiências de quem trabalha para o desenvolvimento de organizações comunitárias e outras.

A partir de 2018 passou a ser também um espaço para troca de ideias e experiências de fortalecimento da cidadania exercida no dia-a-dia, partilhando conhecimento e reflexões, produzindo e disseminando informações, participando de debates, dando sugestões, fazendo denúncias, estimulando a participação de mais pessoas na gestão das cidades onde vivem.

Quem se dispuser a publicar aqui suas reflexões e experiências pode enviar para jose.strabeli@gmail.com. Todas as postagens dos materiais enviados serão identificadas com o crédito de seus autores.

É estimulada a reprodução, publicação e uso dos materiais aqui publicados, desde que não seja para fins comerciais, bastando a citação da fonte.

José Strabeli




sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Oficina sobre administração financeira para associações do Parque Indígena Xingu



Nos dias 10 a 18 deste mês facilitei em Canarana-MT a primeira de uma série de três oficinas sobre Administração Financeira de Associações. Promovida pelo Instituto Socioambiental – ISA e Associação Terra Indígena Xingu – ATIX, reuniu representantes de 13 associações do Parque Indígena Xingu. Estavam presentes representantes de vários povos que vivem no PIX: Kisedje, Yudja, Kayabi, Waurá, Kuikuro, Mehinako, Matipu, Ikpeng, Trumai, Kamayurá e Nafukuá.


Boa parte dos participantes era formada de presidentes, secretários e tesoureiros das associações, o que potencializa os resultados da oficina, já que são eles que efetivamente estão envolvidos na gestão das associações e podem utilizar os conhecimentos e práticas adquiridos.

Ao perguntar sobre as expectativas com relação à oficina, chamou a atenção que, diferente de outros grupos que apresentam expectativas genéricas, a maioria apresentou aspectos objetivos e relacionados aos objetivos da oficina, o que demonstra que foram bem articulados e informados antes de aceitarem participar. Tinham uma grande clareza sobre o que precisavam para vencer desafios que estavam enfrentando: conhecer o trabalho sobre o setor financeiro, aprender como gerenciar uma organização comunitária, aprender a fazer plano de gasto do dinheiro, conhecer e aprofundar mais o conhecimento sobre os conceitos básicos de administração financeira, aprofundar meu conhecimento para alcançar as expectativas da comunidade, entender melhor sobre a administração financeira na associação, para que possamos aplicar melhor o recurso conforme a necessidade do povo, como devo trabalhar com a associação junto com a comunidade.

De acordo com a programação, tratamos da natureza jurídica de uma associação; o funcionamento, atribuições e comunicação entre os órgãos de administração; os documentos que a associação deve manter atualizados; trabalho com o contador; conceito e práticas de administração financeira; documentos válidos para comprovação de receitas e despesas; contratação de pessoal; obrigações fiscais e acessórias.

Cabe destacar a leitura e esclarecimentos sobre o capítulo do Código Civil que trata das associações e a possibilidade de estruturarem e definirem o funcionamento da associação de forma bastante próxima de sua cultura tradicional. Tiveram a oportunidade de começarem a sistematizar procedimentos administrativos, levando em conta a atual realidade de cada uma das associações. Exercitaram a elaboração de orçamento. Refletiram sobre a necessidade e importância do trabalho do contador e sua relação com os diretores da associação. Foram conversar com os profissionais que contratavam para aprimorar o trabalho conjunto. Leram nos próprios estatutos as atribuições de cada órgão de administração e pensaram em como melhorar seu funcionamento. Foi ressaltada a importância do Conselho Fiscal como controle social do uso dos recursos da associação e sua atuação efetiva foi tratada como mecanismo de aprimoramento da gestão. Entenderam a diferença da gestão de um projeto e de um empreendimento comunitário. Foram estimulados a considerar mais as potencialidades dos recursos naturais, dos conhecimentos tradicionais e dos conhecimentos não indígenas que têm acesso para a sua sustentabilidade no Parque Indígena Xingu.

Na avaliação apresentaram também, igualmente de forma objetiva e bastante focada, o que esperam que seja trabalhado na próxima oficina, prevista para outubro: a gestão dos recursos de projetos e de empreendimentos comunitários: execução financeira dos orçamentos dos projetos, administração de fluxo de caixa de empreendimentos comunitários, como fazer e utilizar planilhas eletrônicas para a gestão dos recursos partindo das situações vivenciadas pelas associações.