Cidadania também é para fazer juntos!

CIDADANIA TAMBÉM É PARA FAZER JUNTOS!

Associação é para fazer juntos. O título desta publicação, lançada pelo IEB - Instituto Internacional de Educação do Brasil, no início de dezembro de 2011, já exprime o que será tratado em seus capítulos: que a criação de uma associação deve ser resultado de um processo coletivo e sua atuação deve ser marcada também pela participação efetiva de seus associados.


É o resultado de 10 anos de trabalho com organizações comunitárias e regionais indígenas, quilombolas, de ribeirinhos, agricultores familiares e outros, aprofundando e atualizando o que já foi publicado anteriormente em Gestão de associações no dia-a-dia.

Este blog nasceu como um espaço para troca de conhecimentos e experiências de quem trabalha para o desenvolvimento de organizações comunitárias e outras.

A partir de 2018 passou a ser também um espaço para troca de ideias e experiências de fortalecimento da cidadania exercida no dia-a-dia, partilhando conhecimento e reflexões, produzindo e disseminando informações, participando de debates, dando sugestões, fazendo denúncias, estimulando a participação de mais pessoas na gestão das cidades onde vivem.

Quem se dispuser a publicar aqui suas reflexões e experiências pode enviar para jose.strabeli@gmail.com. Todas as postagens dos materiais enviados serão identificadas com o crédito de seus autores.

É estimulada a reprodução, publicação e uso dos materiais aqui publicados, desde que não seja para fins comerciais, bastando a citação da fonte.

José Strabeli




quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Crônicas de Itupeva 9 – Quem é o principal legislador de Itupeva?


Não é novidade para ninguém que os principais poderes públicos de uma cidade são o Executivo (a Prefeitura) e o Legislativo (a Câmara Municipal). O Judiciário, mesmo instalado na cidade, é estadual.

Os mesmos cidadãos que elegem o prefeito para arrecadar os recursos e administrá-los na manutenção e desenvolvimento da cidade e implementação das políticas públicas, elegem também os vereadores para “ficar de olho”, fiscalizar o prefeito para que ele faça bem o seu trabalho e para elaborar e aprovar as leis necessárias para o ordenamento administrativo e das relações entre as pessoas, tanto físicas quanto jurídicas.

O prefeito pode tomar a iniciativa de elaborar uma lei, mas tem que mandá-la para a aprovação dos vereadores. Se eles não aprovarem, nada feito.

Já vimos nas crônicas anteriores como os vereadores têm fiscalizado e como devem fiscalizar melhor o executivo. Vamos ver agora como eles têm legislado.

De janeiro de 2017 a junho de 2018 foram aprovadas na Câmara Municipal de Itupeva 127 Leis, Leis Complementares, Emendas, Decreto Legislativo, Resoluções e Moções.

Das 26 Moções, 20 foram de congratulações, 1 de apoio à frente nacional contra a “libertação” da maconha e da cocaína, 2 de apelo ao governador do estado e ao Congresso Nacional e 3 de repúdio ao Congresso Nacional e à Rápido Luxo Campinas. As Resoluções tratavam de assuntos administrativos da Câmara e convênios, alteração do Regimento Interno e criação da Escola do Legislativo. Também foi aprovado um Decreto Legislativo, de iniciativa da Mesa Diretora da Câmara.

Das 82 Leis e Leis Complementares, 57, ou seja, 67% foram de iniciativa do Prefeito: 40 sobre assuntos administrativos como reestruturação da administração municipal, operação de crédito, diretrizes orçamentárias e fixação de receitas e despesas, servidores municipais, Código Tributário Municipal, Taxa do Lixo, parcelamento de débitos, celebração de convênios, termos de cooperação e fomento com instituições públicas e privadas, planos e programas; 12 Leis foram para transformação de áreas rurais em urbanas, critérios excepcionais de regularização de edificações e nomes de ruas; 2 para criação de conselhos municipais e 1 sobre inspeção sanitária de produtos animais.

Cabe ressaltar que os vereadores fizeram apenas 10 Emendas às 82 leis propostas pelo prefeito. Emendas são modificações ou inclusões que os vereadores podem fazer para melhorar as leis que são discutidas e votadas. E mais, praticamente todas elas foram aprovadas por unanimidade.

Então, eu fico pensando se os vereadores analisam com cuidado os projetos de lei que recebem, consultam especialistas e organizações de Itupeva antes de irem para a sessão de votação. A unanimidade quase sempre presente também me chama a atenção. Será que 13 vereadores, de 6 partidos diferentes, pensam praticamente sempre igual uns aos outros e ao prefeito?  

As outras 27 leis votadas, ou seja 33%, foram elaboradas e propostas por um ou mais vereadores ou pela Mesa Diretora: 16 para inclusão de eventos no Calendário Oficial do Município, mudança de nomes de ruas e escola, títulos honoríficos e de entidade pública municipal; 6 sobre assuntos administrativos da Câmara Municipal como quadro de pessoal e concessão de reajuste salarial e apenas 5, digamos, de interesse mais geral da cidade: instituição do casamento comunitário, criação do Conselho e do Fundo Municipal de Turismo, proibição de queimadas, penalidades para pichação, vandalismo e depredação e controle de ruídos (Lei do Silêncio). Todas elas também foram aprovadas por unanimidade, de acordo com as atas das sessões deste período.

Além de ler todas as atas, também assisti a alguns vídeos das sessões. Muito pouco debate é feito antes de aprovar uma Lei, Resolução ou Moção. Muitas delas, nem mesmo o autor do projeto pede a palavra e quando fala, raramente é questionado por alguém.

Então continuo pensando: Para que temos 13 vereadores e por que eles são de 6 partidos diferentes se concordam sempre entre si?

E a pergunta mais importante: Quem é o principal legislador de Itupeva? Se os vereadores foram os autores de apenas um terço das leis aprovadas, então, com dois terços delas, quem mais legisla na cidade é o prefeito.

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