Cidadania também é para fazer juntos!

CIDADANIA TAMBÉM É PARA FAZER JUNTOS!

Associação é para fazer juntos. O título desta publicação, lançada pelo IEB - Instituto Internacional de Educação do Brasil, no início de dezembro de 2011, já exprime o que será tratado em seus capítulos: que a criação de uma associação deve ser resultado de um processo coletivo e sua atuação deve ser marcada também pela participação efetiva de seus associados.


É o resultado de 10 anos de trabalho com organizações comunitárias e regionais indígenas, quilombolas, de ribeirinhos, agricultores familiares e outros, aprofundando e atualizando o que já foi publicado anteriormente em Gestão de associações no dia-a-dia.

Este blog nasceu como um espaço para troca de conhecimentos e experiências de quem trabalha para o desenvolvimento de organizações comunitárias e outras.

A partir de 2018 passou a ser também um espaço para troca de ideias e experiências de fortalecimento da cidadania exercida no dia-a-dia, partilhando conhecimento e reflexões, produzindo e disseminando informações, participando de debates, dando sugestões, fazendo denúncias, estimulando a participação de mais pessoas na gestão das cidades onde vivem.

Quem se dispuser a publicar aqui suas reflexões e experiências pode enviar para jose.strabeli@gmail.com. Todas as postagens dos materiais enviados serão identificadas com o crédito de seus autores.

É estimulada a reprodução, publicação e uso dos materiais aqui publicados, desde que não seja para fins comerciais, bastando a citação da fonte.

José Strabeli




segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Crônicas de Itupeva 7 – Como os vereadores fiscalizam, ou deveriam fiscalizar, o Executivo Municipal – Parte III


Diferente das indicações, que são sugestões que os vereadores apresentam para a Prefeitura ou para a Câmara Municipal, e sugestão aceita quem quer e quem não quer não aceita, os requerimentos são feitos por iniciativa de um ou mais vereadores e são votados em plenário, tornando-se assim uma ação do legislativo municipal de forma institucional, para requisitar informações do prefeito sobre assuntos referentes à administração; esclarecimentos, informações ou providências a entidades púbicas ou privadas, além dos requerimentos para a Mesa Diretora da própria Câmara.

Conforme a Lei Orgânica do Município, os requerimentos ao prefeito sobre assuntos referentes à administração devem ser respondidos “no tempo final de 30 (trinta) dias corridos, a contar do recebimento, sujeitando-se às penas da lei”.

De fevereiro de 2017 a junho de 2018, em 30 sessões, foram votados e aprovados 153 requerimentos. Uma média de 5,1 por sessão.

A grande maioria, 104 requerimentos, foi endereçada ao prefeito, sendo que alguns deles repetiam os mesmos pedidos de pequenas obras, limpeza ou manutenção já sugeridas nas indicações, como os 5 sobre iluminação pública, com exceção de um pedindo informações sobre a Contribuição de Iluminação Pública, ou parte dos 19 sobre Mobilidade Urbana, mas também outros tratando da qualidade dos serviços, inclusive de áreas não tratadas nas indicações, como os 8 sobre a Administração solicitando informações sobre a dívida do município, uso dos recursos oriundos de convênios, pagamento do 13º aos servidores, de direitos trabalhistas de servidores exonerados, convocação de aprovados em concurso, valor dos tributos arrecadados e gastos com a frota municipal de veículos.

20 requerimentos foram sobre Educação: creches, escolas municipais, escolas estaduais, alfabetização de adultos, transporte escolar, biblioteca, merenda, material escolar e uniformes; 18 sobre Saúde: fila de espera para cirurgia, especialidades médicas, funcionamento do hospital, do centro de controle de zoonoses, melhorias em UBS, horário de atendimento na farmácia e padronização de medicamentos, atendimento odontológico, progressão funcional dos auxiliares de enfermagem. O Saneamento Básico mereceu 5 requerimentos, sobre manutenção de córregos e galerias e prevenção de enchentes, denúncia de descarte irregular de lixo e entulhos.

Os demais requerimentos dirigidos ao prefeito foram sobre convênios, esportes e lazer, imóveis desocupados, documentação de moradias populares, terrenos baldios e veículos abandonados, implantação de fraldários e locais para amamentação em repartições públicas, desocupação de imóveis públicos municipais, regularização de bairros e loteamentos, cadastro de ruas e bairros nos correios e obras inacabadas.

Também foram dirigidos requerimentos para secretários, governo estadual, empresas públicas e privadas concessionárias de serviços na cidade como para a Diretoria Regional de Educação sobre o funcionamento da EJA, às secretarias estadual e municipal de Educação, além do prefeito, sobre a cobertura em áreas de lazer e esportes nas escolas municipais, mais vagas para cursos supletivos, a ampliação das escolas estaduais; ao Governador sobre a construção e reforma de escolas estaduais no município; à SABESP sobre expansão da rede de água e o mal cheiro na estação de tratamento de esgotos; ao INSS e Prefeito sobre a doação de terreno e construção de agência do INSS na cidade; à PM sobre o efetivo e veículos na cidade; para a ANATEL sobre a insatisfação com os serviços de internet; para a ARTESP sobre o descumprimento de horários de ônibus; para os Correios sobre a prestação de serviços e segurança na agência; à CPFL sobre a descontinuidade do fornecimento de energia; ao DER sobre melhorias na Hermenegildo Tonoli; ao PROCON sobre fiscalização de preços abusivos de combustíveis; à Rápido Luxo Campinas à Viação Itupeva sobre horários e linhas de ônibus.

Outros 13 requerimentos foram dirigidos à própria Câmara para congratulações à SBRI, pedido de licença, inclusão de pauta na ordem do dia, pesar por falecimento, formação de comissão de vereadores para ir à Brasília e uma convocação da secretária de saúde para prestar esclarecimentos sobre a oferta de exames médicos para a população da cidade.
Não há dúvidas de que os requerimentos são um instrumento muito importante e os vereadores têm se utilizado bastante dele, algumas vezes para pedir melhorias para a cidade, mas muitas vezes para obterem informações importantes para o cumprimento de suas atribuições como fiscalizadores da administração municipal.

Não sei se os vereadores têm essa visão de conjunto dos requerimentos que fizeram nos últimos 18 meses. Talvez esse quadro tenha utilidade para verificarem que, apesar do esforço que vêm fazendo, atendendo sem dúvida às muitas reivindicações que recebem e ao que observam em suas andanças pelo centro e bairros da cidade, sem um olhar conjunto sobre a cidade como um todo, pode-se ficar limitado a situações pontuais e deixar de pensar em uma estratégia e de dar respostas à cidade de acordo com ela.

Por exemplo, uma área tão necessária como a Segurança mereceu apenas 3 requerimentos, tratando da construção de sedes adequadas para a PM e GCM, o uso de guaritas e rondas policiais nas proximidades das escolas. E o restante das necessidades de segurança na cidade? O Meio Ambiente, 4 requerimentos sobre a movimentação irregular de terra, criação de um parque ecológico e plantio de árvores. Nada, por exemplo, sobre a preservação de mananciais e áreas de matas, que deve ser garantida principalmente na criação de novos loteamentos e expansão da cidade.

Habitação teve 2 requerimentos sobre imóveis desocupados e documentação de moradias populares, mas qual é o número de famílias que não têm moradias adequadas na cidade? Como e quando a Prefeitura planeja resolver isso construindo casas populares?

Outras áreas muito importantes para a nossa vida na cidade e que, inclusive, fazem parte das atribuições das Comissão Permanentes da Câmara Municipal, não foram sequer citadas nesta centena e meia de requerimentos. Será que não há nenhuma dúvida ou providência a ser solicitada à prefeitura sobre os direitos da Criança, Idosos, Portadores de Deficiência e os Direitos Humanos?
  
Outras perguntas que não deixam de nos incomodar são: quantos desses requerimentos foram respondidos, especialmente os 104 dirigidos ao prefeito, que tem obrigação de responder em 30 dias? Como esse levantamento vai até o final de junho, todos devem ter sido respondidos, certo? Quais foram as respostas dadas?

O que os vereadores fizeram com as informações que receberam? Obter informações é necessário, mas não é o suficiente. As providências necessárias devem ser adotadas.  É preciso que os vereadores deem encaminhamento até se chegar a uma solução.

Com a palavra os vereadores, porque agora é a população quem precisa saber e requer as informações necessárias.

Nos próximos dias, vamos falar sobre os demais mecanismos que os vereadores têm, de acordo com o Regimento Interno da Câmara Municipal e a Lei Orgânica do município, para fiscalizarem o executivo municipal.

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