Cidadania também é para fazer juntos!

CIDADANIA TAMBÉM É PARA FAZER JUNTOS!

Associação é para fazer juntos. O título desta publicação, lançada pelo IEB - Instituto Internacional de Educação do Brasil, no início de dezembro de 2011, já exprime o que será tratado em seus capítulos: que a criação de uma associação deve ser resultado de um processo coletivo e sua atuação deve ser marcada também pela participação efetiva de seus associados.


É o resultado de 10 anos de trabalho com organizações comunitárias e regionais indígenas, quilombolas, de ribeirinhos, agricultores familiares e outros, aprofundando e atualizando o que já foi publicado anteriormente em Gestão de associações no dia-a-dia.

Este blog nasceu como um espaço para troca de conhecimentos e experiências de quem trabalha para o desenvolvimento de organizações comunitárias e outras.

A partir de 2018 passou a ser também um espaço para troca de ideias e experiências de fortalecimento da cidadania exercida no dia-a-dia, partilhando conhecimento e reflexões, produzindo e disseminando informações, participando de debates, dando sugestões, fazendo denúncias, estimulando a participação de mais pessoas na gestão das cidades onde vivem.

Quem se dispuser a publicar aqui suas reflexões e experiências pode enviar para jose.strabeli@gmail.com. Todas as postagens dos materiais enviados serão identificadas com o crédito de seus autores.

É estimulada a reprodução, publicação e uso dos materiais aqui publicados, desde que não seja para fins comerciais, bastando a citação da fonte.

José Strabeli




segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Crônicas de Itupeva 5 – Como os vereadores fiscalizam, ou deveriam fiscalizar, o Executivo Municipal – Parte II


É inegável que os vereadores de Itupeva percorrem os bairros da cidade, conversam com moradores e lideranças nas ruas, em seus gabinetes e nas redes sociais. A partir desse contato fizeram, de janeiro de 2017 a junho de 2018, 888 indicações de melhorias na cidade endereçadas ao executivo municipal.

É um trabalho grandioso pela sua quantidade. Uma média de 68,30 indicações por vereador em um ano e meio de mandato, uma média de 30,62 por sessão da Câmara a cada 15 dias. Olhando isso, fiquei pensando nos resultados alcançados. Vira e mexe a gente vê no Facebook um vereador anunciando que uma indicação sua foi atendida, mas gostaria de saber de forma geral, quantas delas foram atendidas, quantas ainda serão e quando. Fiquei pensando também que o planejamento das secretarias municipais (elas têm um planejamento, né?) deve ficar um tanto tumultuado ao receber pouco mais de 30 pedidos a cada 15 dias, só para falar dos vereadores. A Câmara e a Prefeitura poderiam nos dar informações sobre isso.

Números são bons quando nos dão uma visão de conjunto e nos fazem pensar. Esses me fizeram pensar também se, fazendo indicações individuais, os vereadores têm uma visão de conjunto dos problemas da cidade, estabelecem prioridades, analisam a sua viabilidade técnica e financeira, de acordo com o orçamento que aprovaram para a prefeitura.

Por exemplo, das 888 indicações, 792 se concentraram em limpeza, manutenção e pequenas obras; 56 na melhoria dos serviços prestados e 40 em estudos, vistorias e notificações a proprietários de imóveis.

Se levarmos em conta as áreas de interesse, quase metade, ou seja, 405 se concentraram na mobilidade urbana: 388 em manutenção, asfalto e recapeamento de ruas, sinalização vertical e horizontal, implantação e manutenção de pontos de ônibus, vagas de estacionamento, etc. Chama a atenção que foram feitos 78 pedidos de instalação de redutores de velocidade – lombadas. Considerando que algumas indicações pediam mais de uma lombada, a quantidade delas espalhadas pela cidade seria bem maior, se todos os pedidos fossem atendidos. Para a Avenida Emancipadores do Município, que na sua curta extensão já tem 3 lombadas, pediram mais duas, na altura dos números 171 e 326, ou seja, bem próximas uma da outra e certamente próximas das que já existem. Também foram feitas 7 indicações de melhorias na fiscalização de trânsito e disponibilização de mais linhas e horários de ônibus, além de 10 pedidos de estudos viários, sinalização de vagas prioritárias de estacionamento e passe livre para deficientes no transporte público. Uma delas é bastante curiosa: implantar sinalização de área de embarque e desembarque na rodoviária municipal, que é bastante pequena e ninguém fica desorientado dentro dela.

107 indicações foram para instalação de iluminação em ruas e praças, troca de postes e de lâmpadas queimadas, chegando ao detalhe de trocar um poste na rua tal ou trocar uma lâmpada queimada na altura no número tal de determinada rua.

Das 105 relacionadas a esportes e lazer, 103 estão relacionadas com limpeza, manutenção e obras: construção, manutenção e limpeza de parques, playground, quadras esportivas e praças.  Uma pedia estudo para viabilizar subvenção a SBRI e outra um local adequado para animais no Parque da Cidade. Essa última me deixou intrigado, porque as pessoas saem para passear junto com seus pets e, então, porque eles deveriam ficar confinados em um espaço à parte? O parque já tem sinalização orientando cuidados com animais que oferecem perigo aos usuários.

Foram feitas 77 indicações para limpeza de ruas, terrenos, córregos, retirada de entulho e veículos abandonados, poda de árvores e 10 para notificação de proprietários para limparem seus terrenos. Interessante é que outras duas, a meu ver, resolvem as 87 anteriores e são mais relacionadas à função dos vereadores: criação de Lei que disponha sobre limpeza urbana e implantação de projeto de limpeza geral em todos os bairros da cidade. Feito isso, os vereadores poderiam monitorar se a prefeitura está obedecendo à lei e executando o seu projeto, mantendo limpa toda a cidade.

Poderiam fazer isso para as outras áreas também. Assim não precisariam fazer tantas indicações detalhadas. Afinal, o trabalho de fiscalização da prefeitura pelos vereadores não os tornam fiscais de obras e manutenção, que certamente a prefeitura tem vários, não é?

Como podemos ver, cada vereador ouvindo as reivindicações de suas bases eleitorais e olhando detalhadamente cada lâmpada, lombada, faixa de pedestre, bebedouro, toldo ou cobertura de quadra de esportes, concentram suas atenções em poucas áreas e deixam de lado outras tão ou mais importantes. Por exemplo, a saúde mereceu apenas 36 indicações, sendo 17 delas voltadas para reformas, instalação de tv no Pronto Socorro Infantil, sinalização de banheiros e 19 para a melhoria dos serviços prestados, como exames, contratação de profissionais, extensão de horário de funcionamento da farmácia, implantação de consultórios odontológicos e compra de equipamentos.

Saneamento Básico mereceu 11 indicações de obras de contenção de enchente, implantação e manutenção de redes de água e esgoto e coleta de lixo. A educação, 37 indicações para construção de uma nova escola, limpeza e manutenção em escolas e creches, instalação de internet, transporte escolar, realização de estudos e fóruns. A segurança teve 13 pedidos de construção de base comunitária, rondas da GCM e PM em diversos bairros, estudo para aumento de salário e realização de concurso para contratação de policiais.

Os idosos mereceram apenas 2 indicações por parte dos vereadores: uma para serviços de manutenção e conservação da área externa onde fica a cozinha do CCI – Centro de Convivência do Idoso, entre outras melhorias e outro bom exemplo de como os vereadores devem atuar, que é a realização de estudos para implantação do Plano Municipal da Pessoa Idosa, visando estabelecer metas e objetivos a serem alcançados anualmente.

Sobre os direitos das pessoas com deficiência apenas uma indicação, para a criação de um fundo municipal.

Meio ambiente também teve uma indicação pedindo providências quanto ao descarte de entulhos e lixos na área de preservação ambiental localizada próximo ao Rio Jundiaí, atrás das residências e comércios, na Avenida Nelson Gulla, bairro Monte Serrat.

Nos próximos dias vamos analisar os 153 requerimentos feitos pelos vereadores que, segundo o presidente da Câmara Municipal, atestam que a Casa de Leis não está omissa na sua função de fiscalizadora do executivo municipal.

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