No dia 10 de junho,
também a convite da Verthic, facilitei uma oficina sobre associativismo na
Aldeia Terã Wagã, na Volta Grande do Xingu, no Estado do Pará com o objetivo de
apresentar as diferentes formas de organização de uma associação, as vantagens
e desvantagens de cada uma, dando continuidade ao aprendizado que tiveram com
um intercâmbio para conhecer as experiências associativas dos povos Timbira e
Xerente. Participaram 17 lideranças de 4 aldeias dos povos Arara e Juruna.
Como na grande maioria
dos casos, querem gerir recursos que venham a beneficiar as suas aldeias. A
primeira atividade foi relatarem e refletirem sobre as experiências que
conheceram no intercâmbio. Em uma delas, o dinheiro recebido de uma indenização
foi investido na compra de veículos, equipamentos e outros bens. O dinheiro
acabou e as aldeias voltaram às condições anteriores. Na outra, o dinheiro, que
está sendo recebido em parcelas anuais, é investido em uma conta bancária e
apenas os rendimentos são gastos em projetos apresentados pelas aldeias. A
gestão é feita por uma organização que inclui indígenas e indigenistas. Entre
as duas, avaliaram que a segunda é muito mais interessante, por propiciar a
continuidade de recursos e investir em projetos de desenvolvimento, ao invés de
bens.
Estes povos, entre
outros que são contemplados pelo Plano Básico Ambiental – Componente Indígena
da Hidrelétrica de Belo Monte, receberam em um Plano Emergencial, que antecedeu
o PBA-CI valores mensais em bens ou produtos que solicitavam. Avaliam que o
dinheiro não foi bem gasto e muito pouco ficou de benefício nas aldeias após
esse período. As lideranças Arara e Juruna da Volta Grande do Xingu não querem
que seja repetido o mesmo erro. Pensam em criar uma associação para o caso de
indenizações futuras.
Como essa situação
ainda não se apresentou concretamente, perguntei se a associação serviria
apenas para gerir recursos e se havia algo a ser feito por uma associação além
de gerir recursos. Disseram que há várias outras coisas que uma associação pode
fazer, como lutar por melhorias na educação e na saúde, organizar atividades de
geração de renda para as famílias, defender os direitos dos associados,
inclusive nos casos em que foram previstos legalmente, mas não foram efetivados,
fortalecer as relações comunitárias e ser uma representação legal dos povos e
comunidades associados a ela. Demonstraram clareza ao identificar a necessidade
de ter uma representação legal para receber recursos e movimentá-los,
reivindicar e gerir benefícios e programas de políticas públicas como
manutenção das escolas, compra de merenda escolar da própria comunidade, emitir
notas fiscais de comercialização de produtos.
Dando a ponta de um
barbante para uma das lideranças segurar, foi perguntado com quem ele já tinha
conversado sobre essas necessidades das aldeias e tinham encontrado alguma
afinidade nas propostas. O barbante foi esticado até a pessoa indicada, que
segurou também. Assim foi sendo perguntado para cada um deles até que todos
estivessem envolvidos nessa “teia” ou rede de relações. Foi explicado que uma
associação é constituída por pessoas que querem trabalhar juntas para
conseguirem fazer ou conquistar coisas que não conseguiriam se tentassem
fazendo sozinhas. Então, uma associação é uma rede como aquela demonstrada na
dinâmica, para atingirem objetivos como aqueles que tinham falado
anteriormente.
Algumas aldeias presentes
têm as suas associações comunitárias e as que não têm estão se preparando para
fundá-las. As lideranças concluíram que primeiro devem fortalecer essas
associações de base para depois pensarem em uma associação regional. Enquanto
isso, vão continuar se encontrando para amadurecer a ideia,
conversarem sobre os problemas enfrentados hoje e as perspectivas de futuro,
fortalecendo assim a articulação entre eles.
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