Nos dias
06 e 07 de fevereiro, participei com Leonardo Hasenclever, também consultor do
IEB, de uma reunião com a diretoria da União das Mulheres Indígenas da Amazônia
Brasileira – UMIAB para planejarem as atividades da associação e do
desenvolvimento organizacional realizado pelo IEB em 2013.
Um dos
assuntos tratados foi os projetos que vem sendo encaminhados para o
financiamento da manutenção e realização das atividades da associação. Outra
forma de captação de recursos é o pagamento de contribuição pelas associações a
ela associadas. Também pensam em fazer uma campanha através das redes sociais
para a captação de doações. Em breve devem receber a resposta de um dos
financiadores, provavelmente positiva, o que tem animado bastante as
coordenadoras e lideranças. Pretendem submeter outros projetos e contatar
organizações parceiras para contribuírem com atividades específicas, em
especial a reunião do Conselho Deliberativo e Fiscal.
Enquanto
aguardam a superação desse grande desafio, que tem sido a captação de recursos,
se organizaram para a realização de atividades que não dependem de recursos.
Leonardo apresentou um questionário para levantamento de informações
quantitativas e qualitativas sobre as mulheres indígenas da Amazônia, a relação
de seu modo de vida e os serviços ambientais e a participação das mulheres na
governança socioambiental na região.
Foi
reforçado o papel da UMIAB no fortalecimento das organizações de base das
mulheres indígenas, expresso em uma de suas linhas de ação. Nela, a organização deve fomentar a articulação
das organizações locais nas micro-regiões e estas em nível estadual, chegando
dessa forma à coordenação da organização amazônica, que engloba os 9 estados.
Dessa forma, as informações e decisões teriam um fluxo de ida e volta desde a
coordenação da UMIAB até as organizações locais.
Chamou atenção
a reflexão que as coordenadoras têm feito sobre o papel da UMIAB com relação a diferentes temas e quais seriam
as prioridades para a execução de projetos. Refletimos que a UMIAB deve ter
claro quais são as questões que afetam diretamente as mulheres indígenas, que
seriam a razão para a criação de uma associação específica. O que já vem sendo
tratado por outras associações, como a COIAB, não precisam ser tratados pela
UMIAB, assim não correm o risco de dispersar recursos humanos e financeiros,
que já são escassos, repetindo ações que outras organizações já estão fazendo
com o mesmo público.
Os projetos devem focar as ações voltadas para os
problemas vivenciados pelas mulheres indígenas.
Uma das coordenadoras disse que elas têm refletido
sobre como as mulheres estão inseridas nos diversos temas. Precisamos de resposta para isso, senão
como vamos definir nossas atividades?
Essa reflexão repercutiu também na discussão sobre a
participação em conselhos. Ponderaram que não podem depender da pauta do
governo para atuar. A ajuda do governo é uma faca de dois gumes. Ao mesmo que
abre espaço para a discussão, direciona para onde ele quer. Como usar esses
espaços a nosso favor?
Foi dito que a primeira coisa a fazer é ir com uma
posição formada, de preferência legitimada por uma discussão com as bases,
dando de fato o caráter de representação para a participação; apresentar e
dialogar sobre as diferentes propostas, lembrando que espaço de diálogo não é espaço de conversa mole. Devem ser tomadas
posições, encaminhamentos, fruto de um diálogo verdadeiro; em terceiro lugar,
se o diálogo não ocorrer de fato, buscar outras formas de reivindicação e
pressão próprias dos movimentos sociais. Para que isso se torne efetivo, é
preciso garantir que as raízes da UMIAB estejam bem
fincadas e espalhadas pelas aldeias e organizações das mulheres indígenas em
toda a Amazônia Brasileira.
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