Cidadania também é para fazer juntos!

CIDADANIA TAMBÉM É PARA FAZER JUNTOS!

Associação é para fazer juntos. O título desta publicação, lançada pelo IEB - Instituto Internacional de Educação do Brasil, no início de dezembro de 2011, já exprime o que será tratado em seus capítulos: que a criação de uma associação deve ser resultado de um processo coletivo e sua atuação deve ser marcada também pela participação efetiva de seus associados.


É o resultado de 10 anos de trabalho com organizações comunitárias e regionais indígenas, quilombolas, de ribeirinhos, agricultores familiares e outros, aprofundando e atualizando o que já foi publicado anteriormente em Gestão de associações no dia-a-dia.

Este blog nasceu como um espaço para troca de conhecimentos e experiências de quem trabalha para o desenvolvimento de organizações comunitárias e outras.

A partir de 2018 passou a ser também um espaço para troca de ideias e experiências de fortalecimento da cidadania exercida no dia-a-dia, partilhando conhecimento e reflexões, produzindo e disseminando informações, participando de debates, dando sugestões, fazendo denúncias, estimulando a participação de mais pessoas na gestão das cidades onde vivem.

Quem se dispuser a publicar aqui suas reflexões e experiências pode enviar para jose.strabeli@gmail.com. Todas as postagens dos materiais enviados serão identificadas com o crédito de seus autores.

É estimulada a reprodução, publicação e uso dos materiais aqui publicados, desde que não seja para fins comerciais, bastando a citação da fonte.

José Strabeli




terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

"A ajuda do governo é uma faca de dois gumes": como tornar efetivos os espaços participativos



Nos dias 06 e 07 de fevereiro, participei com Leonardo Hasenclever, também consultor do IEB, de uma reunião com a diretoria da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira – UMIAB para planejarem as atividades da associação e do desenvolvimento organizacional realizado pelo IEB em 2013.

Um dos assuntos tratados foi os projetos que vem sendo encaminhados para o financiamento da manutenção e realização das atividades da associação. Outra forma de captação de recursos é o pagamento de contribuição pelas associações a ela associadas. Também pensam em fazer uma campanha através das redes sociais para a captação de doações. Em breve devem receber a resposta de um dos financiadores, provavelmente positiva, o que tem animado bastante as coordenadoras e lideranças. Pretendem submeter outros projetos e contatar organizações parceiras para contribuírem com atividades específicas, em especial a reunião do Conselho Deliberativo e Fiscal.

Enquanto aguardam a superação desse grande desafio, que tem sido a captação de recursos, se organizaram para a realização de atividades que não dependem de recursos. Leonardo apresentou um questionário para levantamento de informações quantitativas e qualitativas sobre as mulheres indígenas da Amazônia, a relação de seu modo de vida e os serviços ambientais e a participação das mulheres na governança socioambiental na região.

Foi reforçado o papel da UMIAB no fortalecimento das organizações de base das mulheres indígenas, expresso em uma de suas linhas de ação.  Nela, a organização deve fomentar a articulação das organizações locais nas micro-regiões e estas em nível estadual, chegando dessa forma à coordenação da organização amazônica, que engloba os 9 estados. Dessa forma, as informações e decisões teriam um fluxo de ida e volta desde a coordenação da UMIAB até as organizações locais.

Chamou atenção a reflexão que as coordenadoras têm feito sobre o papel da UMIAB com relação a diferentes temas e quais seriam as prioridades para a execução de projetos. Refletimos que a UMIAB deve ter claro quais são as questões que afetam diretamente as mulheres indígenas, que seriam a razão para a criação de uma associação específica. O que já vem sendo tratado por outras associações, como a COIAB, não precisam ser tratados pela UMIAB, assim não correm o risco de dispersar recursos humanos e financeiros, que já são escassos, repetindo ações que outras organizações já estão fazendo com o mesmo público.
Os projetos devem focar as ações voltadas para os problemas vivenciados pelas mulheres indígenas.

Uma das coordenadoras disse que elas têm refletido sobre como as mulheres estão inseridas nos diversos temas. Precisamos de resposta para isso, senão como vamos definir nossas atividades?

Essa reflexão repercutiu também na discussão sobre a participação em conselhos. Ponderaram que não podem depender da pauta do governo para atuar. A ajuda do governo é uma faca de dois gumes. Ao mesmo que abre espaço para a discussão, direciona para onde ele quer. Como usar esses espaços a nosso favor?

Foi dito que a primeira coisa a fazer é ir com uma posição formada, de preferência legitimada por uma discussão com as bases, dando de fato o caráter de representação para a participação; apresentar e dialogar sobre as diferentes propostas, lembrando que espaço de diálogo não é espaço de conversa mole. Devem ser tomadas posições, encaminhamentos, fruto de um diálogo verdadeiro; em terceiro lugar, se o diálogo não ocorrer de fato, buscar outras formas de reivindicação e pressão próprias dos movimentos sociais. Para que isso se torne efetivo, é preciso garantir que as raízes da UMIAB estejam bem fincadas e espalhadas pelas aldeias e organizações das mulheres indígenas em toda a Amazônia Brasileira.



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