Estive
novamente em Boca do Acre, no sul do Amazonas, nos dias 17 a 21 de setembro, para dar
continuidade ao trabalho de desenvolvimento organizacional de 12 associações de
trabalhadores agroextrativistas, desta vez para fazer o diagnóstico
organizacional juntamente com dirigentes daquelas organizações.
Chamou a
atenção o relato das atividades da Associação dos Produtores Rurais da
Comunidade Nova Xioma feito pelo seu presidente, Mário Souza da Cruz. Depois de
atuar nos últimos anos no Conselho Fiscal, foi eleito em julho deste ano para o
cargo de presidente.
Segundo
Mário, moram nessa comunidade tradicional 42 famílias, que vivem da produção de
castanha, extração de látex, farinha de mandioca, feijão, arroz, criação de
porcos e galinhas, além de outros produtos da roça.
Relatou
que nos seus anos de trabalho na associação, aprendeu que ao planejar
atividades não se pode deixar indefinido quem serão os responsáveis: “Dizer que é para
todo mundo trabalhar, não acontece. Combinar que metade trabalhará em um dia e
a outra metade em outro, também não funciona. É preciso definir o nome de cada
um que se propõe a ajudar naquela atividade. É preciso escrever o que vai ser
feito, quem vai fazer e quando.”
De acordo
com ele, a nova diretoria está entrosada e todos trabalhando para a associação
funcionar bem. “O
secretário está procurando compradores para os nossos produtos. Em toda reunião
da diretoria, que acontece no último domingo do mês, tem coisa nova para
contar.”
A
Associação Nova Xioma faz parte do Fórum de Desenvolvimento Sustentável de Boca
do Acre, que tem focado sua atuação na regularização fundiária através da
Secretaria do Patrimônio da União e do Programa Terra Legal. Antes de ser feito
o estudo pelos órgãos governamentais, reuniram-se para definir entre eles um
plano de uso da terra para apresentar aos técnicos, evitando assim que
desentendimentos entre eles prejudicassem o andamento do processo de
regularização.
Ganharam
uma caminhonete usada e, para apressar a doação, se propuseram e fizeram uma
cotização entre eles para o conserto. Para a construção da escola, contaram com
a doação de materiais pela prefeitura e a comunidade entrou com a madeira e a
mão de obra. Divididos em grupos, se encarregaram da construção.
Estão
negociando um empréstimo bancário para a compra de equipamentos agrícolas, para
aumentar sua produção para a geração de renda. Como uma experiência piloto, um
grupo de 10 produtores está plantando 1 hectare de banana e 1 de abacaxi. A produção
deverá ser comercializada pela associação. Dessa forma terão melhores condições
para negociar o preço, a forma de pagamento e escoamento, além de gerar
recursos para a manutenção de sua organização.
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