Nos dias 23 a 25 de julho moderei uma
reunião para diagnóstico e planejamento da Associação dos Povos Indígenas
Wayana e Apalai – APIWA, durante o Encontro de Lideranças Wayana e Aparai, a
convite do Iepé Instituto de Pesquisa e Formação Indígena. Participaram 40
caciques e demais lideranças de 16 aldeias.
Inicialmente
refletimos um pouco sobre o papel e importância da associação como uma das
formas de organização daqueles povos. Reforçamos que a associação é uma ferramenta de trabalho para que todos os
associados trabalhem juntos para a conquista de objetivos que avaliem que sejam
importantes. Foi perguntado a eles o que normalmente faziam sozinhos, o que
faziam coletivamente de acordo com a organização tradicional e o que precisavam
fazer juntos tendo uma organização formal. Dessa forma ficou claro que não é
preciso ter uma associação para todas as atividades e, muito menos, a
existência dela deve anular a organização tradicional. A associação deve
contribuir naquilo que a organização tradicional não é suficiente.
Levando
em conta que para cada objetivo precisamos de uma ferramenta específica, se o
objetivo é conseguir recursos de fora, a associação tem se mostrado
ineficiente, já que a grande maioria delas não consegue dinheiro de projetos ou
consegue muito pouco. Não é para isso que devemos criar uma associação. A maior
força da associação está nas pessoas que fazem parte dela, nas capacidades de
cada um e nos recursos existentes. Sua função é mobilizar e articular essas
potencialidades, além de, sempre que necessário, aproveitar as oportunidades de
parcerias, políticas públicas e financiamentos. Vocês têm uma terra com muitos recursos naturais. O que querem fazer
com ela para viverem bem aqui?
Lembramos
a frase de Gersem Luciano, índio Baniwa: “O desafio é recuperar a auto-estima e a capacidade de
auto-sustentação, a partir dos conhecimentos tradicionais e dos recursos
naturais e humanos locais, eventualmente complementados pelos conhecimentos e
tecnologias do mundo moderno.”
Associação é para
fazer juntos, desde
a discussão dos problemas, definição de objetivos e das atividades para
atingi-los, até a avaliação dos resultados alcançados. Por isso estávamos
fazendo um diagnóstico e planejamento com todos. Para a realização das
atividades, devem ser aproveitadas as diferentes capacidades dos associados e
dividir tarefas: atividades administrativas, discussão de temas importantes com
outras organizações e organização de atividades nas aldeias.
Reunidos
em grupos, discutiram: Quais são os
problemas que precisamos resolver? Quais são as melhorias queremos conseguir? Depois
da exposição dos grupos, os problemas foram transformados em objetivos. Como se
tratava de uma lista de grande foram escolhidas prioridades seguindo os
critérios de: quais melhoram mais a vida das pessoas, quais beneficiam um maior
número de pessoas e quais estão relacionados a um número maior de outros
objetivos.
Novamente
em grupos, definiram as atividades e recursos necessários para cada objetivo,
que foram depois revisados e validados pelo plenário.
Ao final
dessa atividade, voltaram a discutir e aprovaram a criação de um fundo constituído
por contribuições dos associados, em especial os assalariados (professores a
agentes de saúde), artesãos e aposentados, com valores diferenciados para cada
categoria.
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