Cidadania também é para fazer juntos!

CIDADANIA TAMBÉM É PARA FAZER JUNTOS!

Associação é para fazer juntos. O título desta publicação, lançada pelo IEB - Instituto Internacional de Educação do Brasil, no início de dezembro de 2011, já exprime o que será tratado em seus capítulos: que a criação de uma associação deve ser resultado de um processo coletivo e sua atuação deve ser marcada também pela participação efetiva de seus associados.


É o resultado de 10 anos de trabalho com organizações comunitárias e regionais indígenas, quilombolas, de ribeirinhos, agricultores familiares e outros, aprofundando e atualizando o que já foi publicado anteriormente em Gestão de associações no dia-a-dia.

Este blog nasceu como um espaço para troca de conhecimentos e experiências de quem trabalha para o desenvolvimento de organizações comunitárias e outras.

A partir de 2018 passou a ser também um espaço para troca de ideias e experiências de fortalecimento da cidadania exercida no dia-a-dia, partilhando conhecimento e reflexões, produzindo e disseminando informações, participando de debates, dando sugestões, fazendo denúncias, estimulando a participação de mais pessoas na gestão das cidades onde vivem.

Quem se dispuser a publicar aqui suas reflexões e experiências pode enviar para jose.strabeli@gmail.com. Todas as postagens dos materiais enviados serão identificadas com o crédito de seus autores.

É estimulada a reprodução, publicação e uso dos materiais aqui publicados, desde que não seja para fins comerciais, bastando a citação da fonte.

José Strabeli




sábado, 4 de julho de 2015

Intercâmbio entre associações indígenas no Xingu

Nos dias 16 a 27 de junho, acompanhei um grupo de 17 dirigentes e conselheiros de associações indígenas da região do baixo Rio Teles Pires, na divisa do Mato Grosso com o Pará, em um intercâmbio com associações dos povos do Parque Indígena Xingu com o objetivo de trocar experiências sobre o desenvolvimento de associações.


A preparação começou alguns meses antes fazendo primeiro um levantamento de associações, de preferência indígenas, que tivessem experiências significativas para partilhar, contribuindo para o aprendizado dos participantes e para o desenvolvimento das associações Kawaip, Sawara e Dace, dos povos Kayabi, Apiaká e Munduruku. Em seguida foi feito um diálogo, por um lado com as lideranças das associações a serem visitadas e, por outro, com os participantes. Foi feita uma cuidadosa preparação da logística em conjunto com a empresa que financiou a atividade e associações do Xingu, para providenciar a alimentação, combustível, veículos e barcos e hospedagem necessários para a viagem.

Na véspera da viagem nos reunimos para que os dirigentes e conselheiros das associações definissem em maior detalhe quais os aspectos do desenvolvimento das associações eles achavam importante tratar, que seriam mais importantes para ajuda-los a atrabalhar em suas organizações:

  • Como é a administração da associação: atuação da diretoria, controles financeiros e do patrimônio;
  • Como é a relação da associação com a comunidade: associação e organização tradicional, participação da comunidade nas decisões, atividades e projetos da associação;
  • Como é feita a captação de recursos: projetos que já executaram e estão executando, outras formas de captação de recursos;
  • Parceiros: quem são e como contribuem para o desenvolvimento da associação;
  • Atividades de geração de renda.
Com a Associação Terra Indígena Xingu – ATIX, em Canarana e no Diauarum, conversaram sobre a sua fundação, organização interna, gestão, projetos executados, parcerias celebradas e atividades realizadas com todos os povos indígenas do parquet relacionadas à vigilância e proteção do território e atividades de geração de renda, especialmente a produção e comercialização do Mel dos Índios do Xingu.


Com a Associação Indígena Kisedje, na Aldeia Ngoiwere, conversaram sobre a sua fundação, organização interna, projetos e outras formas de captação de recursos, parcerias, controles financeiros, prestação de contas para os associados, participação dos associados na tomada de decisões e nas atividades desenvolvidas pela associação, atividades de geração de renda como a produção e comercialização de artesanato, mel e óleo de pequi, além de políticas públicas de saúde, educação escolar e a participação de indígenas à frente da Coordenação Técnica Local e da Coordenação Regional da FUNAI

Na Aldeia Capivara, tomaram conhecimento do projeto desenvolvido pela aldeia, tendo como proponente a ATIX, para a recuperação de área degradada e de sementes tradicionais e a experiência com roça sem fogo, com assessoria técnica do Instituto Socioambiental.


Também houve momentos em que viram, participaram e retribuíram apresentações de danças tradicionais. Chamou a atenção dos participantes como aqueles povos conseguem manter e fortalecer a sua organização tradicional e a sua cultura, ao mesmo tempo em que aprofundam o seu conhecimento e a prática sobre atividades “do mundo dos brancos”.


Foi uma experiência muito significativa de aprendizado, como demonstram os depoimentos que fizeram na avaliação ao final do intercâmbio. Um aprendizado construído a partir de experiências vividas, conhecimentos assimilados e incorporados, que foram transmitidos e trocados sem intermediações como muito bem definiu uma liderança da Aldeia Capivara: “o que vocês aprenderam, nós não aprendemos; o que nós aprendemos, vocês não aprenderam. Por isso esse intercâmbio é muito importante para nós.”

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