Cidadania também é para fazer juntos!

CIDADANIA TAMBÉM É PARA FAZER JUNTOS!

Associação é para fazer juntos. O título desta publicação, lançada pelo IEB - Instituto Internacional de Educação do Brasil, no início de dezembro de 2011, já exprime o que será tratado em seus capítulos: que a criação de uma associação deve ser resultado de um processo coletivo e sua atuação deve ser marcada também pela participação efetiva de seus associados.


É o resultado de 10 anos de trabalho com organizações comunitárias e regionais indígenas, quilombolas, de ribeirinhos, agricultores familiares e outros, aprofundando e atualizando o que já foi publicado anteriormente em Gestão de associações no dia-a-dia.

Este blog nasceu como um espaço para troca de conhecimentos e experiências de quem trabalha para o desenvolvimento de organizações comunitárias e outras.

A partir de 2018 passou a ser também um espaço para troca de ideias e experiências de fortalecimento da cidadania exercida no dia-a-dia, partilhando conhecimento e reflexões, produzindo e disseminando informações, participando de debates, dando sugestões, fazendo denúncias, estimulando a participação de mais pessoas na gestão das cidades onde vivem.

Quem se dispuser a publicar aqui suas reflexões e experiências pode enviar para jose.strabeli@gmail.com. Todas as postagens dos materiais enviados serão identificadas com o crédito de seus autores.

É estimulada a reprodução, publicação e uso dos materiais aqui publicados, desde que não seja para fins comerciais, bastando a citação da fonte.

José Strabeli




domingo, 13 de julho de 2014

A utilidade da gestão financeira e a necessidade de transparência

Nos dias 07 a 10 de julho facilitei uma Oficina de Administração Financeira para 12 dirigentes e lideranças de de 4 organizações indígenas de Oiapoque, no Amapá, a convite do Iepé Instituto de Pesquisa e Formação Indígena. A proposta era aprimorar os controles e gestão financeira de recursos que essas associações estão movimentando, particularmente a contribuição dos associados.

A oficina começou com o relato dos dirigentes sobre os recursos que a associação está recebendo, em que está sendo utilizado e como está sendo controlado. Uma das associações conta principalmente com a contribuição dos associados, feita mensalmente em um valor definido em assembleia; emite recibo, faz relatório financeiro e presta conta. No último ano 90% dos associados pagaram regularmente. Em outro caso, os associados contribuíram durante alguns anos, mas depois a maioria parou de contribuir. A razão apontada foi que os associados acham que o dinheiro é utilizado para despesas pessoais dos dirigentes. O controle e a prestação de contas não eram feitos regularmente. Outra associação não prestou contas de convênios adequadamente, está inadimplente e devendo documentos para órgãos governamentais.

Foi ressaltado que, neste momento em que os financiamentos externos são cada vez mais escassos e que pouquíssimos financiadores aceitam pagar despesas administrativas, é fundamental a associação contar com a contribuição financeira dos associados e com outras formas próprias de captação de recursos para garantir o seu funcionamento básico. Para ter sucesso nisso, é preciso que os administradores sejam transparentes no uso, comprovação e prestação de contas dos recursos recebidos.

Foi demonstrado quais são os comprovantes de despesas válidos contabilmente: nota fiscal para compra de materiais, equipamentos, refeições, etc.; holerite para o pagamento de funcionários com registro em carteira; RPA - Recibo de Pagamento a Autônomo para pagamento de prestadores de serviços; Fatura de água, luz, telefone, internet; o próprio bilhete para passagens de ônibus, barco, avião e recibos de taxi. Os recibos com formulário vendido em papelaria ou outros só são aceitos em casos especiais, quando nenhum dos outros comprovantes é possível como, por exemplo, na compra de alimentos ou prestação de serviços na aldeia. As receitas também devem ser comprovadas com recibos que contenham o valor, tipo de contribuição ou doação, nome e CPF do doador, data e assinatura. Pra melhorar o controle é importante que os recibos sejam numerados. A base para um bom controle financeiro é ter comprovantes adequados.

A contratação de um contador é necessária para fazer a escrituração da movimentação financeira e alterações do patrimônio, enviar as declarações e informações aos órgãos governamentais e orientar os diretores em suas dúvidas e dificuldades para atender às exigências legais.

Foi disponibilizado um modelo de planilha eletrônica para a elaboração de relatórios financeiros. Divididos em grupos, os participantes treinaram a elaboração de Plano de Contas, o lançamento de receitas e despesas e foram informados como fazer e a importância da conciliação bancária. Foi destacado que o relatório financeiro serve não só para o registro da movimentação dos recursos, mas também é uma ferramenta para a gestão. Analisando os dados consolidados no resumo do relatório, os dirigentes podem ter uma visão mais clara sobre a movimentação e tomar providências necessárias para manter a sustentabilidade financeira da associação. Serve também para a análise do Conselho Fiscal e a prestação de contas para os associados.

O Conselho Fiscal deve se reunir regularmente, conforme definido no estatuto, para analisar as contas e emitir seu parecer para a Assembleia Geral. Nela, a diretoria deve apresentar de forma clara os recursos recebidos e em que foram gastos e em seguida, o conselho deve apresentar seu parecer para que a assembleia possa deliberar sobre a aprovação ou não das contas. A importância do Conselho Fiscal não se limita à fiscalização do uso dos recursos. Seu parecer dá legitimidade à prestação de contas apresentada pela diretoria e o controle social que exerce é um fator inibidor de eventuais usos inadequados ou desvio de recursos. Sabendo da efetividade do controle, os administradores tenderão a utilizar corretamente o dinheiro e o patrimônio da associação.


Se o controle financeiro é importante para fazer a gestão dos recursos, a transparência é necessária para que associados e outros doadores se mantenham estimulados a contribuir.

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