Em 2011
participei de algumas discussões sobre estratégias e metodologias de
Desenvolvimento Organizacional de associações comunitárias. Foram definidas
duas linhas de ação. Uma delas deveria começar com um diagnóstico
organizacional; a partir das fragilidades detectadas seria elaborado um plano
de trabalho para a sua superação. A outra linha seria iniciada com um diagnóstico
e planejamento participativos; a continuidade do trabalho seria o apoio para a
implementação do planejamento.
Como eu
acredito que uma metodologia só se prova eficaz se for testada na prática, me
dediquei a isso em 2012, com o aval das organizações que estavam promovendo o
trabalho e das associações comunitária para quem era dirigido. Devo salientar,
com felicidade, que a proposta foi aceita em todos os casos. Publiquei os
relatos neste blog, mas avalio como importante mostrar aqui, de forma bem
resumida, como se deu o processo, demonstrado parcialmente em cada postagem.
A
execução das atividades não foi igual para todas as associações, por depender
da disponibilidade das organizações apoiadoras e das associações comunitárias.
Quero destacar uma associação com a qual o trabalho foi mais sistemático e
contínuo, a Associação dos Moradores e Amigos da RDS do Juma - AMARJUMA, em
Novo Aripuanã – AM.
Iniciamos
com uma oficina sobre associativismo e aspectos gerais de gestão de uma
associação. Participaram representantes de 4 associações. Ao final, o
presidente da AMARJUMA disse que tinha gostado muito do livro Associação é
para fazer juntos e que o usaria para fazer reuniões nas
comunidades. Relatou algum tempo depois que tinha utilizado o livro para fazer
leitura dialogada e em seguida um debate sobre o capítulo lido em várias
comunidades.
Fizemos o
diagnóstico organizacional com a participação de alguns diretores e lideranças.
Foram detectadas fragilidades organizacionais, administrativas e pouca
participação dos associados no planejamento, execução e avaliação das
atividades. Esse diagnóstico foi feito a partir de um conjunto de indicadores
de desenvolvimento organizacional, que foram alterados em parte durante a
execução nas mais de 30 associações de agro-extrativistas, pescadores e
indígenas do Sul do Amazonas, Rondônia, Amapá, Sul da Bahia e Espírito Santo.
Além de fornecer informações fundamentais para o planejamento do trabalho de
desenvolvimento organizacional, várias lideranças disseram que foi uma
oportunidade para tomarem conhecimento de exigências legais e outros aspectos
até então desconhecidos.
Na RDS do
Juma foram feitas várias reuniões, que reuniram por setores, quase todas as
comunidades, em duas etapas. Depois de algumas reflexões sobre o que é uma
associação, sua importância como forma de organização das comunidades, foi
feito o diagnóstico e o planejamento de atividades para resolver ou mitigar
aqueles problemas. Também essa atividade foi realizada em várias outras
associações. Com associações indígenas de Rondônia e Amapá, representantes das
várias aldeias foram reunidos em um mesmo local. As técnicas foram sendo
adaptadas aos diferentes públicos e circunstâncias. Além do produto concreto,
que era o Plano de Ação elaborado, foi muito significativa a tomada de
consciência por parte dos associados de que a associação não serve
principalmente para captar recursos, mas para se organizarem e resolverem seus
problemas, valorizando suas potencialidades, além das diferentes formas de
parceria.
Os
planejamentos elaborados nas diversas reuniões foram sistematizados e validados
em uma reunião de lideranças de todas as comunidades. Por último foi aprovado
pela assembleia geral da AMARJUMA, que também elegeu uma nova diretoria. Os
diretores e conselheiros eleitos tinham uma nova consciência de como dirigir
uma associação e um Plano de Ação com o qual todos os associados se
identificavam. Antes da eleição foram lidas no estatuto as atribuições de cada
diretor e conselheiro e os associados foram estimulados a votar em pessoas que
pudessem exercer da melhor forma as suas funções. Também nessa assembleia foi
apresentada, pela primeira vez, a prestação de contas dos 4 anos de gestão da
diretoria, em planilha eletrônica e todos os comprovantes de receitas e
despesas foram disponibilizados para análise dos associados, fruto da primeira
atividade realizada para aprimoramento da gestão administrativa e financeira.
O desafio
é a continuidade do aprimoramento da gestão e a implementação do planejamento
com a organização de grupos de trabalho, a valorização de suas potencialidades,
o aproveitamento consciente das oportunidades de financiamentos e parcerias, a
execução e avaliação participativas dos resultados alcançados para que
constatem na melhoria das condições de vida nas comunidades que vale muito a
pena quando a associação
é feita juntos.
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