Cidadania também é para fazer juntos!

CIDADANIA TAMBÉM É PARA FAZER JUNTOS!

Associação é para fazer juntos. O título desta publicação, lançada pelo IEB - Instituto Internacional de Educação do Brasil, no início de dezembro de 2011, já exprime o que será tratado em seus capítulos: que a criação de uma associação deve ser resultado de um processo coletivo e sua atuação deve ser marcada também pela participação efetiva de seus associados.


É o resultado de 10 anos de trabalho com organizações comunitárias e regionais indígenas, quilombolas, de ribeirinhos, agricultores familiares e outros, aprofundando e atualizando o que já foi publicado anteriormente em Gestão de associações no dia-a-dia.

Este blog nasceu como um espaço para troca de conhecimentos e experiências de quem trabalha para o desenvolvimento de organizações comunitárias e outras.

A partir de 2018 passou a ser também um espaço para troca de ideias e experiências de fortalecimento da cidadania exercida no dia-a-dia, partilhando conhecimento e reflexões, produzindo e disseminando informações, participando de debates, dando sugestões, fazendo denúncias, estimulando a participação de mais pessoas na gestão das cidades onde vivem.

Quem se dispuser a publicar aqui suas reflexões e experiências pode enviar para jose.strabeli@gmail.com. Todas as postagens dos materiais enviados serão identificadas com o crédito de seus autores.

É estimulada a reprodução, publicação e uso dos materiais aqui publicados, desde que não seja para fins comerciais, bastando a citação da fonte.

José Strabeli




terça-feira, 16 de abril de 2013

Uma metodologia de Desenvolvimento Organizacional construída na prática

Em 2011 participei de algumas discussões sobre estratégias e metodologias de Desenvolvimento Organizacional de associações comunitárias. Foram definidas duas linhas de ação. Uma delas deveria começar com um diagnóstico organizacional; a partir das fragilidades detectadas seria elaborado um plano de trabalho para a sua superação. A outra linha seria iniciada com um diagnóstico e planejamento participativos; a continuidade do trabalho seria o apoio para a implementação do planejamento.

Como eu acredito que uma metodologia só se prova eficaz se for testada na prática, me dediquei a isso em 2012, com o aval das organizações que estavam promovendo o trabalho e das associações comunitária para quem era dirigido. Devo salientar, com felicidade, que a proposta foi aceita em todos os casos. Publiquei os relatos neste blog, mas avalio como importante mostrar aqui, de forma bem resumida, como se deu o processo, demonstrado parcialmente em cada postagem.

A execução das atividades não foi igual para todas as associações, por depender da disponibilidade das organizações apoiadoras e das associações comunitárias. Quero destacar uma associação com a qual o trabalho foi mais sistemático e contínuo, a Associação dos Moradores e Amigos da RDS do Juma - AMARJUMA, em Novo Aripuanã – AM.

Iniciamos com uma oficina sobre associativismo e aspectos gerais de gestão de uma associação. Participaram representantes de 4 associações. Ao final, o presidente da AMARJUMA disse que tinha gostado muito do livro Associação é para fazer juntos e que o usaria para fazer reuniões nas comunidades. Relatou algum tempo depois que tinha utilizado o livro para fazer leitura dialogada e em seguida um debate sobre o capítulo lido em várias comunidades.

Fizemos o diagnóstico organizacional com a participação de alguns diretores e lideranças. Foram detectadas fragilidades organizacionais, administrativas e pouca participação dos associados no planejamento, execução e avaliação das atividades. Esse diagnóstico foi feito a partir de um conjunto de indicadores de desenvolvimento organizacional, que foram alterados em parte durante a execução nas mais de 30 associações de agro-extrativistas, pescadores e indígenas do Sul do Amazonas, Rondônia, Amapá, Sul da Bahia e Espírito Santo. Além de fornecer informações fundamentais para o planejamento do trabalho de desenvolvimento organizacional, várias lideranças disseram que foi uma oportunidade para tomarem conhecimento de exigências legais e outros aspectos até então desconhecidos.

Na RDS do Juma foram feitas várias reuniões, que reuniram por setores, quase todas as comunidades, em duas etapas. Depois de algumas reflexões sobre o que é uma associação, sua importância como forma de organização das comunidades, foi feito o diagnóstico e o planejamento de atividades para resolver ou mitigar aqueles problemas. Também essa atividade foi realizada em várias outras associações. Com associações indígenas de Rondônia e Amapá, representantes das várias aldeias foram reunidos em um mesmo local. As técnicas foram sendo adaptadas aos diferentes públicos e circunstâncias. Além do produto concreto, que era o Plano de Ação elaborado, foi muito significativa a tomada de consciência por parte dos associados de que a associação não serve principalmente para captar recursos, mas para se organizarem e resolverem seus problemas, valorizando suas potencialidades, além das diferentes formas de parceria.

Os planejamentos elaborados nas diversas reuniões foram sistematizados e validados em uma reunião de lideranças de todas as comunidades. Por último foi aprovado pela assembleia geral da AMARJUMA, que também elegeu uma nova diretoria. Os diretores e conselheiros eleitos tinham uma nova consciência de como dirigir uma associação e um Plano de Ação com o qual todos os associados se identificavam. Antes da eleição foram lidas no estatuto as atribuições de cada diretor e conselheiro e os associados foram estimulados a votar em pessoas que pudessem exercer da melhor forma as suas funções. Também nessa assembleia foi apresentada, pela primeira vez, a prestação de contas dos 4 anos de gestão da diretoria, em planilha eletrônica e todos os comprovantes de receitas e despesas foram disponibilizados para análise dos associados, fruto da primeira atividade realizada para aprimoramento da gestão administrativa e financeira.

O desafio é a continuidade do aprimoramento da gestão e a implementação do planejamento com a organização de grupos de trabalho, a valorização de suas potencialidades, o aproveitamento consciente das oportunidades de financiamentos e parcerias, a execução e avaliação participativas dos resultados alcançados para que constatem na melhoria das condições de vida nas comunidades que vale muito a pena quando a associação é feita juntos.


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