Nos dias
17 e 18 de outubro, participei com Henyo Barreto, Diretor Acadêmico do IEB, da
Assembléia Geral Ordinária da Associação Indígena Doá Txatô que aconteceu na
Aldeia São Luis, na Terra Indígena Rio Branco, em Alta Floresta D’Oeste-RO.
Participaram 27 indígenas, entre diretores, conselheiros e associados, além de
alguns convidados.
Diferente
do que acontece nas assembleias de boa parte das associações, quando são
convidados muitos representantes de organizações apoiadoras e órgãos
governamentais, esta se dedicou à discussão da situação atual da associação, em
seus avanços e fragilidades, e a pensar o seu futuro. Foi também o fechamento da primeira fase do
trabalho de desenvolvimento organizacional realizado pelo IEB neste ano, com a
apresentação e aprovação da proposta de reforma do estatuto e do planejamento
para o próximo ano, feitos de forma participativa nos meses de junho e agosto.
A falta
de informações consolidadas para a prestação de contas e as poucas atividades
realizadas deixaram clara a necessidade de aprimoramento da gestão
administrativa e financeira da associação, já detectadas no Diagnóstico
Organizacional, realizado também em junho. Foi destacado também o fato do
Conselho Fiscal não ter se reunido previamente para detectar que a diretoria
não tinha feito o relatório financeiro e incentivá-la a fazer, além de não ter
apresentado seu parecer para a Assembleia. Este será o objetivo da próxima
atividade a ser realizada no início de fevereiro do próximo ano.
A
discussão da reforma do estatuto propiciou um momento de repactuação dos
objetivos e da forma de funcionamento da associação, depois de anos de sua
fundação, que se deu com o incentivo de atores externos, como inúmeras outras
associações da Amazônia e também outras várias associações da região.
Lembrando
uma metáfora originada na Aldeia São Luis, durante o diagnóstico e planejamento
participativos, da associação “funcionando como um
corpo”, foi dada ênfase no planejamento à formação de grupos para a
coordenação das atividades das quatro linhas de ação: Terra e Meio Ambiente,
Saúde e Saneamento, Educação e Cultura e Produção e Extrativismo. Foi lembrada uma
frase do “seu” Getúlio, da COVEMA, que conversou com vários deles no dia
anterior: “Sem gente com vontade, a associação não
chega a lugar nenhum.”
De acordo
com alguns depoimentos durante a assembléia, a associação “anda um pouco
desacreditada” por causa de sua pouca atuação. Isso explica também a ausência
de boa parte dos associados e a pouca participação na assembléia da maioria dos
presentes.
O desafio
agora, tanto para os indígenas como para o IEB, é aprimorar o funcionamento da
associação e implementar o planejamento aprovado, tornando a associação de fato
uma organização daqueles povos indígenas em busca de sua autonomia para a conquista
do bem viver em suas terras.