Cidadania também é para fazer juntos!

CIDADANIA TAMBÉM É PARA FAZER JUNTOS!

Associação é para fazer juntos. O título desta publicação, lançada pelo IEB - Instituto Internacional de Educação do Brasil, no início de dezembro de 2011, já exprime o que será tratado em seus capítulos: que a criação de uma associação deve ser resultado de um processo coletivo e sua atuação deve ser marcada também pela participação efetiva de seus associados.


É o resultado de 10 anos de trabalho com organizações comunitárias e regionais indígenas, quilombolas, de ribeirinhos, agricultores familiares e outros, aprofundando e atualizando o que já foi publicado anteriormente em Gestão de associações no dia-a-dia.

Este blog nasceu como um espaço para troca de conhecimentos e experiências de quem trabalha para o desenvolvimento de organizações comunitárias e outras.

A partir de 2018 passou a ser também um espaço para troca de ideias e experiências de fortalecimento da cidadania exercida no dia-a-dia, partilhando conhecimento e reflexões, produzindo e disseminando informações, participando de debates, dando sugestões, fazendo denúncias, estimulando a participação de mais pessoas na gestão das cidades onde vivem.

Quem se dispuser a publicar aqui suas reflexões e experiências pode enviar para jose.strabeli@gmail.com. Todas as postagens dos materiais enviados serão identificadas com o crédito de seus autores.

É estimulada a reprodução, publicação e uso dos materiais aqui publicados, desde que não seja para fins comerciais, bastando a citação da fonte.

José Strabeli




quarta-feira, 16 de outubro de 2024

É preciso um novo olhar sobre o orçamento e a gestão dos recursos públicos

 


Ontem à noite participei de uma audiência pública para debater a proposta de orçamento para o ano que vem que o prefeito encaminhou para a Câmara Municipal.

A secretária da fazenda passou um tempão lendo números de receitas e como seriam gastos. Eram milhões de receitas pra cá; milhões de despesas pra lá...

Quando ela terminou, um morador de um bairro distante do centro disse que lá não tinha água encanada, nem rede de coleta de esgoto, nem asfalto nas avenidas e ruas e perguntou se “iam olhar para eles”, ou seja, se tinha previsão no orçamento para resolver esses problemas de seu bairro. A pessoa que falou em seguida, perguntou também sobre necessidades de seu bairro e outras da cidade como um todo.

Quando chegou a minha vez, disse para a secretária que a exposição dela tinha sido bastante detalhada e o mais simples que o assunto permitiu, “mas a gente não consegue enxergar nesse monte de números aquilo que mais interessa pra nós que é: em que isso tudo vai melhorar a nossa vida?”

Lembrei que essa também foi a preocupação das pessoas que falaram antes de mim e perguntei:

- Quantas pessoas ou famílias serão tiradas da pobreza ou terão o seu nível de pobreza diminuído?

- Em que medida a cidadania será fortalecida, entendendo a cidadania como maior participação nas decisões e no controle social das políticas públicas? Por exemplo, como foram incorporadas neste orçamento as escolhas dos cidadãos na consulta pública feita pela prefeitura?

- Como será garantido o acesso aos serviços de saúde por meio de um atendimento mais eficiente com respeito e qualidade a todo cidadão de Itupeva, por exemplo eliminando as longas esperas para o atendimento no hospital, para a realização de consultas com especialistas e exames para início imediato do tratamento necessário e, principalmente, promovendo a saúde ao invés de apenas tratar as doenças?

- Até que ponto a assistência à criança e ao adolescente, ao idoso e a pessoa com deficiência vai atender às necessidades desses grupos vulneráveis?

- Em que medida a melhoria da infraestrutura urbana resolverá os problemas existentes hoje e preparará a cidade para o crescimento acelerado que vem acontecendo ano a ano?

- Como será feito o monitoramento e a avaliação para verificar a eficácia das ações realizadas?

Acrescentei que só a partir dessa análise seria possível avaliarmos se aquela proposta de orçamento era boa para a cidade ou não e se ajustes nas ações ou nos valores seriam necessários para melhor atender a esses objetivos.

A secretária disse que não tinha resposta para essas perguntas, que não estava preparada para esse nível de questionamento que, na verdade, se referiam aos objetivos estratégicos a serem atingidos pela administração municipal, de acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias para o mesmo ano e que deveriam ter baseado a elaboração do orçamento.

Ficou claro que não era isso que tinha acontecido. Com a atenção focada no equilíbrio das contas e, principalmente, em “encaixar” todas as despesas nos recursos previstos, deixaram de pensar nos objetivos a serem atingidos e em mensurar o quanto o uso desses recursos melhorariam a vida da população em um ano de administração municipal.

Para que a prefeitura recupere a sua função primordial de administrar a cidade em benefício de toda a população é preciso mudar o olhar sobre o orçamento municipal e a sua execução.

Ter um planejamento bem-feito, pactuado com a sociedade civil e realizado não é apenas uma questão de obedecer a formalidades, mas principalmente de aproveitar bem os recursos públicos disponíveis para atingir objetivos e metas prioritários para o bem viver da população em nossa cidade.




quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Dona Genu alerta: crédito adicional suplementar não é igual à dívida, mas pode levar ao endividamento

Dona Genu, que planeja e gasta o dinheiro do seu sítio com muito cuidado para pagar todas as despesas e ainda fazer alguns investimentos no sítio e na melhoria da vida da sua família, estava conversando com uma vizinha e sua comadre:

- Olha, comadre, todo final de ano eu faço um orçamento para o ano seguinte do sítio e da minha casa. Primeiro eu faço uma lista com o que eu espero conseguir de dinheiro vendendo as frutas, verduras, legumes, ovos, frango caipira e um porquinho uma vez ou outra, olhando o que a gente conseguiu naquele ano e quanto vamos conseguir a mais com o aumento da produção e o aumento dos preços. Depois eu faço uma lista de todas as despesas de casa e do sítio: comida, vestuário, saúde, educação, transporte, sementes, fertilizantes, pesticida orgânico para as plantas; ração e remédios para as criações e por aí a fora, vendo também o que foi gasto naquele ano, algum aumento por causa do aumento da produção e dos preços. Por fim, vejo o que pode sobrar para investir no sítio e em casa.

- E isso tudo acontece, comadre?

- Primeiro, a gente precisa fazer esse orçamento com muita atenção e cuidado, depois a gente precisa seguir direitinho aquilo que foi planejado. Pode ser que algumas coisas fiquem mais caras do que eu previ ou eu precise mais de alguma coisa do que foi planejado, ou precise para alguma coisa que eu nem previ. Emergências também acontecem, né? Então, eu estimo uma margem, próxima da inflação do ano, para gastar mais nessas coisas. Só que, se eu gastar mais em uma conta, vou ter que gastar menos em outra. É isso que chamam na administração da prefeitura de crédito adicional suplementar. E tem dado bastante certo assim.

- Ah, eu já ouvi falar desse crédito adicional suplementar. Então, quer dizer, que a prefeitura faz tudo isso que você faz, esse orçamento?

- Isso mesmo, só que a prefeitura tem muito mais receitas e também muito mais despesas, porque cuida da cidade toda e eu só cuido do meu sítio, mas o jeito de fazer, no principal, é o mesmo. O prefeito, junto com os secretários, elabora o projeto de Lei Orçamentária Anual, a LOA, que tem entre outras coisas, o orçamento e qual a porcentagem das despesas que podem mudar de uma conta para outra, os créditos adicionais suplementares.

- Ah, então esse crédito não é dinheiro a mais, não é empréstimo, dívida?

- Não é. É só mudança no orçamento, passando dinheiro de uma conta para outra. Para gastar mais em uma coisa, é preciso tirar dinheiro de outra.

- Então é só fazer assim e está valendo?

- Não é bem assim. Em casa, eu sento com o meu marido e com os meus filhos, mostro o que eu elaborei, peço a opinião deles e faço as mudanças que eles sugerirem, se bem explicadas, por exemplo, eles podem preferir investir em outra coisa ao invés da que eu escolhi, podem preferir gastar menos em uma despesa e mais em outra que eles achem mais importante e aí a gente vê os prós e os contras e decidimos. Na cidade, o prefeito precisa mandar para a Câmara Municipal o projeto de LOA até o dia 31 de agosto de cada ano. Aí vão ser feitas audiências públicas para ouvir a população, os vereadores poderão apresentar mudanças, que são chamadas de emendas e, por fim, votar. Aí o planejamento da prefeitura vira lei. A Lei Orçamentária Anual. Isso tem que ser feito até o final do ano para que, ao começar o ano novo, o prefeito já tenha definido o quanto vai poder gastar e em quê.

- Comadre, eu ouvi falar que a cidade está cheia de dívidas já faz muitos anos. Por que isso está acontecendo?

- Primeiro, porque a prefeitura não faz uma proposta de orçamento bem-feita e aí não tem como seguir direito o que foi planejado. E, pior, sabendo disso, coloca no próprio projeto de lei que pode mudar 15% das despesas e mais todo o dinheiro previsto para gastar com pessoal, saúde, educação, assistência social, segurança e mais 20% de outras despesas para usar em programas. Ou seja, pode mudar quase tudo o que foi planejado.

- Vixe, então nem a prefeitura acredita do planejamento que fez? E os vereadores aprovam?

- Pois, é comadre! A maioria deles aprova. Aí a prefeitura vai gastando o dinheiro conforme as contas vão chegando, fazendo outras coisas que não estavam planejadas e quando vê o dinheiro acabou e não dá mais para pagar as contas. Então, fica devendo. E ainda deixa de fazer coisas importantes que estavam planejadas.

- Minha Nossa Senhora... Igual a gente faz com o dinheiro da gente quando não planeja e não controla direitinho como você faz? Fica devendo no cartão de crédito, no comércio?

- Igualzinho!



sábado, 17 de agosto de 2024

O que esperar desta campanha eleitoral municipal?

 QUEREMOS SABER DOS CANDIDATOS À:

Eleição de vereador

Conte para nós qual foi a sua participação, nos últimos 4 anos, nos debates importantes para a nossa cidade sobre os planejamentos, leis e programas, por exemplo, em audiências públicas, sessões da Câmara Municipal e redes sociais. Precisamos saber se tem um real interesse e capacidade para melhorar a legislação e a gestão de Itupeva ou se é mais uma “andorinha que voa para cá” na época de campanha eleitoral e depois some pelos 4 anos seguintes.

Reeleição de vereador

Conte para nós como tem sido a sua atuação como vereador: quais foram os projetos de lei de sua autoria que foram elaborados, votados ou aprovados? Quais projetos de lei relevantes e medidas de fiscalização votou a favor? Quais foram as ações de fiscalização que realizou para melhorar o uso dos recursos e a execução das políticas públicas de Itupeva?

Eleição de prefeito

Conte para nós qual foi a sua participação, nos últimos 4 anos, nos debates importantes para a nossa cidade, por exemplo, em audiências públicas e sessões da Câmara Municipal. Quais são as suas qualificações e propostas para ser prefeito? Precisamos saber se tem um real interesse e capacidade para resolver os problemas e melhorar a gestão de Itupeva ou se é mais uma andorinha que voa para cá” na época de campanha eleitoral e depois some pelos 4 anos seguintes.

Reeleição de prefeito

Conte para nós se todas as suas promessas feitas durante a última campanha eleitoral foram cumpridas. Os recursos foram bem utilizados e tudo o que estava planejado foi realizado? Em que a infraestrutura e os serviços públicos para a população melhoraram durante o seu último mandato? Com a sua atuação como prefeito até agora, Itupeva é uma cidade melhor para nós vivermos? Se cumpriu todas as suas promessas da última campanha e se hoje Itupeva é uma cidade melhor para vivermos, o que fará nos próximos 4 anos, caso seja eleito? Agora, se não cumpriu suas promessas anteriores...


CADA UM NO SEU LUGAR

Precisamos de candidatos a vereador que saibam e estejam dispostos a: elaborar leis, analisar, emendar e votar as que são elaboradas pelos demais vereadores e o prefeito, analisar, propor mudanças e votar o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a Lei Orçamentária Anual e os programas, fiscalizar como a prefeitura gasta o dinheiro público e executa as políticas públicas e tomar as providências legais quando necessário.

Por que a maioria dos candidatos acha que isso é pouco ou não é relevante e fala de tudo menos daquilo que deverão fazer se forem eleitos? Queremos votar para vereador em pessoas que cumpram as atribuições próprias do cargo!

Quem atua em projetos sociais, faz campanhas e distribui alimentos, doces e brinquedos é um ótimo candidato para associação beneficente;

Quem gosta de publicar e comentar mensagens religiosas e textos bíblicos é um ótimo candidato a pastor, ministro ou professor de escola dominical;

Quem gosta de verificar onde tem buraco na rua, falta lombada, pintura de faixas, tem mato para cortar, é um ótimo candidato a fiscal de obras da prefeitura;

Quem não perde uma inauguração de obra, entrega de veículos, de prêmios, lançamentos de programas, sonha em ser prefeito;

Quem se candidata a vereador para melhorar a saúde, a educação, segurança, a infraestrutura dos bairros, etc. está na candidatura errada. É o prefeito quem executa as políticas públicas.

Escolha bem o seu candidato a vereador!