Itupeva é o retrato do Brasil.
Sua história começa com os índios
Guarani que viviam nas margens do Rio Jundiaí e deram o nome de Ytu-peba a uma cachoeira baixa e
alongada, cujas águas correm entre pedras, uma cascata, originando o nome da
cidade.
Fez parte da cidade de Jundiaí, quando
esta era a porta do Mato Grosso de Jundiahy, explorado por entradas e bandeiras
que se dirigiam para Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso em busca de indígenas
para mão de obra escrava e jazidas de ouro e pedras preciosas. Nesse período,
além de aventureiros e fugitivos da justiça de São Paulo, recebeu também outros
grupos indígenas, escravizados pelos bandeirantes.
Os primeiros fazendeiros, no século
XVII e XVIII, eram produtores de cana e açúcar. Posteriormente veio a produção
do café, que se expandia desde o Rio de Janeiro, passando pelo Vale do Paraíba
e avançando para o oeste do Estado de São Paulo, antes de chegar no norte do Paraná
e sul de Minas Gerais. Os primeiros “barões do café” da cidade foram Antônio de
Queirós Teles, o Barão de Jundiaí e José Estanislau do Amaral, avô da artista
plástica modernista Tarsila do Amaral. Com eles vieram centenas de africanos
escravizados.
A necessidade de um meio de transporte
mais eficiente e barato, levou os fazendeiros a se unirem para a fundação da
Companhia Ytuana em 1870 e a construção de uma ferrovia que unia a Estrada de
Ferro Santos a Jundiaí a Indaiatuba, passando por Itupeva.
A partir do final do século XIX vieram
os imigrantes italianos, iniciando muitas das famílias até hoje existentes na
cidade, como os Tonoli, Polli, Muraro, Chinarelli, Salles, Tozzi, Izzo, Marchi,
Barbi, Lourençon, Checchinato, Betelli, Gasparini, Cerquinho, Sai, Tartaglia,
Ferraresi, entre outras. Inicialmente trabalhando como colonos nas fazendas de
café, muitos deles deram início ao comércio, produção de tijolos e telhas,
transportes, ferraria, cinema e diversos outros serviços.
Com a crise do café no início dos anos
1930 vários se tornaram fazendeiros ou sitiantes, comprando total ou
parcialmente as fazendas onde trabalhavam. A queda mundial do preço do
principal produto da região levou à diversificação da produção agrícola
principalmente de frutas, como a uva e morango.
A exploração de uma jazida de
tungstênio, descoberta em 1940, trouxe muitas famílias nordestinas para o atual
Bairro da Mina.
Em 1963, estimulado por José Polli, o
distrito de Jundiaí “com 3 mil habitantes, 4 lojas de comércio, ruas de terra
cheias de buracos, sem telefone, veículos, iluminação pública, água encanada,
esgoto”, nas palavras de um de seus primeiros prefeitos, Dorival Raymundo, deu
início ao seu processo de emancipação política e administrativa, concluído em
1965 com a posse do primeiro prefeito e instalação da Câmara Municipal.
A construção das rodovias Anhanguera e
Bandeirantes, ligando Itupeva aos principais centros urbanos do estado, agilizou
o seu crescimento econômico e populacional. Hoje com estimados 56 mil
habitantes, conta com 260 indústrias, 508 estabelecimentos comerciais, 405 de
serviços, 72 agrícolas e 65 de construção.
Um “gigante pela própria natureza" e
empreendedorismo de gerações de paulistas quatrocentões, imigrantes europeus
e asiáticos e migrantes de outras regiões do Brasil.
E o desenvolvimento social?
A cidade tem graves deficiências na prestação de serviços básicos como saúde, saneamento básico, educação, segurança, transportes, meio ambiente e um trânsito à beira de um colapso e a administração municipal continua estimulando novos loteamentos e empreendimentos empresariais.
A cidade tem graves deficiências na prestação de serviços básicos como saúde, saneamento básico, educação, segurança, transportes, meio ambiente e um trânsito à beira de um colapso e a administração municipal continua estimulando novos loteamentos e empreendimentos empresariais.
Itupeva tem apenas um sindicato, de
servidores públicos municipais. Tem algumas associações de bairro, mas que a
gente pouco ouve falar. Tem algumas organizações não governamentais – ONGs que
se dedicam principalmente à assistência social nas áreas de saúde, esportes,
educação e proteção animal. Meio ambiente? Só palestras de conscientização.
Nenhuma organização ou grupo que se dedique ao desenvolvimento comunitário e da
cidadania. Nenhuma que pense no desenvolvimento sustentável da cidade, que
cresce também com a criação de novos loteamentos para moradores e turistas, que
compram chácaras para fim de semana. Nenhuma que monitore a execução do
orçamento e das políticas públicas.
Se a economia de Itupeva é um "gigante" em constante crescimento, a sua sociedade civil está “deitada eternamente em
berço esplêndido”, como o Brasil no Hino Nacional.
O espaço de comando, seja da cidade, estado ou país, necessariamente será ocupado por alguém. Ou será pela sociedade civil ou pelo executivo e legislativo que elegemos e que, em geral, não cobramos eficientemente e eles também não fazem questão de prestar contas do mandato que damos a eles.
Ou tomamos o futuro de Itupeva nas nossas mãos, nos organizando, fiscalizando, cobrando e manifestando a nossa vontade ou continuaremos nas mãos de prefeitos que administram de forma no mínimo duvidosa e vereadores que se omitem em legislar sobre as principais questões da cidade e em fiscalizar a administração municipal, se limitando a aprovar tudo o que o executivo manda para a Câmara Municipal, enquanto buscam votos nos bairros "pedindo ao prefeito" para trocar lâmpadas queimadas, limpar ruas, avenidas e beiras de rios, pintar faixas de pedestre e colocar lombadas.
E então, o que vai ser?
Ou tomamos o futuro de Itupeva nas nossas mãos, nos organizando, fiscalizando, cobrando e manifestando a nossa vontade ou continuaremos nas mãos de prefeitos que administram de forma no mínimo duvidosa e vereadores que se omitem em legislar sobre as principais questões da cidade e em fiscalizar a administração municipal, se limitando a aprovar tudo o que o executivo manda para a Câmara Municipal, enquanto buscam votos nos bairros "pedindo ao prefeito" para trocar lâmpadas queimadas, limpar ruas, avenidas e beiras de rios, pintar faixas de pedestre e colocar lombadas.
E então, o que vai ser?