Nos dias 27 a 29 de novembro, foi
realizada em Alter do Chão, Santarém-PA, a Oficina de Lideranças Indígenas e
Associações Parceiras para fortalecer a
articulação dos representantes indígenas entre si e destes com as instituições
parceiras convidadas, que vêm atuando na temática da Gestão Territorial e
Ambiental junto às comunidades dessas TIs, tendo em vista a execução do projeto Construindo
Nossos PGTAs: Mobilização e Diagnóstico Socioambiental nas TIs Parque Do
Tumucumaque, Paru D’este, Trombetas/Mapuera e Nhamundá/Mapuera, de dezembro de 2013 a novembro de 2014.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUgl4EuQLZPJBBA_9OU0dnvpd5KbuQAWzJt2UeeSfihYm4RAkMri0eptTkAVYUJAKwnX_n4Ps-d3y70VjiGfFAYFXARoao34P4ZDBsSqblCNkgY1Lv7R8zfCsLwgjT-48IZbcb5L_QCFc/s320/012.JPG)
Estiveram
presentes diretores de 6 associações indígenas e caciques dos povos Tiryió.
Kaxuyana, Txikuyana, Waiana, Apalai, Waiwai e Hixkariana, das 4 Terras
Indígenas localizadas no Amapá, Pará e Amazonas, que participarão do projeto,
além do Iepé Instituto de Pesquisa e Formação Indígena, da Equipe de
Conservação da Amazônia – ECAM, Projetos Demonstrativos dos Povos Indígenas –
PDPI, que financia o projeto e da Fundação Nacional do Índio – FUNAI.
Além
desse projeto ser uma excelente oportunidade para o desenvolvimento da
Associação dos Povos Tiryió, Kaxuyana e Txikuyana – APTIKATXI, proponente do
projeto, como já foi relatado aqui, vejo que é também uma oportunidade para o
fortalecimento de alianças e parcerias dessa associação e dos povos que ela
representa com outras organizações indígenas e indigenistas.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHtDCf3XME6PaVfo2KaSH_tsVokh1gvDGFl87IcnhyphenhyphenB1Dtf9YLK7Slg3nRAg8IiTacul0CASqvpw-lzCHepXPwcqCmvzbOw68_baYyg3JNdujmXA6KUfOdRJKiSzImbNscQZ9TszimZ4Q/s320/027.JPG)
Após a
abertura e apresentação dos participantes, o presidente da APITIKATXI fez uma
apresentação do projeto para que todos conhecessem e entendessem bem seus
objetivos, atividades e metodologia. Denise, coordenadora do Programa
Tumucumaque do Iepé, explicou a importância dos Planos de Gestão Territorial e
Ambiental para os povos indígenas. Explicou também a metodologia,
participativa, que será utilizada para a realização dos diagnósticos nas
aldeias e da reunião dos caciques em cada região de abrangência do projeto.
Disse também que cada organização parceira participará com a sua especialidade:
antropólogos, gestores, cartógrafos, etc. Mostrando o mapa da região, lembrou
das relações de parentesco e comerciais tradicionais entre os povos agora
confinados em terras demarcadas. Demétrio, presidente da APITIKATXI, lembrou
que a existência de terras demarcadas é uma coisa nova para os índios que, antes viviam livres como passarinhos em
territórios não demarcados e ressaltou que este, além de outro projeto em
execução, é um importante meio de reaproximação desses povos.
Cada associação indígena envolvida com o
projeto será responsável pela execução das atividades locais. Elas foram
apresentadas e seus diretores, acompanhados dos caciques da área de abrangência
de cada uma, refletiram e depois apresentaram quais são as providências que
precisam tomar para organizar as atividades do projeto; se estão preparados para
desenvolver essas atividades; quais são as dificuldades que enfrentarão e como
essas dificuldades podem ser superadas. Foi agendada uma rodada de consultorias
em desenvolvimento organizacional para colaborar com a organização de cada uma
das associações para a execução das atividades.
Ao
discutir sobre a contrapartida exigida pelo financiador do projeto e que a
associação e as comunidades também precisarão contribuir com trabalho para a
realização das atividades do projeto que, como foi falado por várias
lideranças, é muito importante para pensar o futuro das terras indígenas para
eles, seus filhos e netos, ficou claro que não se trata de um projeto
assistencialista, mas de uma união de esforços para atingir objetivos. Para
conversarem em suas aldeias, para estimular o máximo de participação das
pessoas, inclusive de quem ajudará no diagnóstico, será barqueiro ou
cozinheiro, foi sugerido que digam que há muitas pessoas e organizações dando
sua contribuição para esse trabalho. Qual é a contribuição que cada aldeia
dará?
Todos
demonstraram satisfação com a proposta e foram para casa animados com o
projeto. Um dos caciques disse: “Este projeto vai ser
nosso dever daqui para frente. É para isso que as lideranças estão aqui. Também
para não ter dúvidas. É nosso dever repassar para as outras lideranças o que
foi discutido aqui. Vamos ter assembleia em dezembro e vamos aproveitar para
falar sobre isso.” Outro falou que “A maior
preocupação nossa é com a terra. Terra dá vida. Precisamos ajudar nossos netos
a ficarem felizes no futuro. Não é só dinheiro que é importante. Estamos aqui,
discutindo juntos para resolver nosso problema. Esse projeto é importante. Isso
fortalece o nosso trabalho. Isso fortalece a nossa união.”
Apesar da
elaboração do projeto ter sido com a participação apenas da APITIKATXI,
diretores das outras associações e os caciques receberam informações
qualificadas, falaram e questionaram livremente, esclareceram suas dúvidas,
entenderam a importância do projeto para o futuro de seus povos e o assumiram
como deles também. Entenderam que além de atingir seus objetivos diretos, o
projeto ainda aproxima os povos envolvidos, agrega pessoas e organizações em
parcerias em que não há o melhor ou o pior, mas cada um com a sua
especialidade, cada um com o seu papel para executar o todo. Este aprendizado e
fortalecimento certamente impactará em ações futuras.